Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Outubro de 2011 - Vol.16 - Nº 10 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites
1) HUMOR
NEGRO, BILE, BAÇO, PERDA, LUTO E SUICIDIO
Leio
no jornal ‘’Le
Monde’’, uma entrevista dada pela psiquiatra Monica Zilbovicius ao
jornalista Pierre Le Hir.Ela também é pesquisadora no INSERM( Institut
Nationale de Numa perspectiva
histórica, Monica Zilbovicius se refere aos ‘’
antigos que situavam a origem da
depressão na bile negra, refletindo as teorias
humorais então dominantes. Daí surgiu o termo melancolia, do grego melagkholía, que significa literalmente ‘’condição de ter bile
negra'’(Houaiss). Os anglo-saxões
, localisavam-na no baço ("spleen" em inglês). E Sigmund Freud, em seu ensaio ‘’Luto e
melancolia’’, explicou a depressão em sua relação com a perda de um ente querido, ou, por
extensão, de um ideal gerando um
sentimento de culpa.’’ Contudo, percebendo as lacunas científicas atuais sobre
as causas desta doença, salientando que a medicina sempre procurou as causas
desta enfermidade , Monica Zilbovicius
examinou de perto essas hipóteses
com o fim de ultrapassá-las e substitui-las
por uma nova teoria, comprovada por pesquisas mais rigorosas. Mas
as pesquisas sobre a depressão devem corresponder à situação sanitária do
país onde foram realizadas, apoiar-se
em estatísticas fiáveis sobre a
incidência da depressão na população. No caso presente, Monica Zilbovicius
se referiu a uma pesquisa realizada na
França entre 2005 e 2008, em 6.500
pessoas, pelo Instituto
Nacional de prévention et d’éducation pour la Santé”. O estudo mostrou que 18% dos franceses sofreram um
grave episódio depressivo num dado
momento da vida, que 2 milhões
passaram por uma experiência depressiva
dolorosa, que
a frequência de surtos depressivos é duas vezes maior nas mulheres do que nos homens, e que
10% dos deprimidos suicidaram-se . Os dados estatísticos,
justificam plenamente os esforços
feitos e os investimentos custosos das
pesquisas sobre a depressão
nervosa, uma doença cuja tendência a se tornar crônica, onera os cofres públicos de maneira
preocupante. São
muitas as
manifestações clínicas da depressão,por isso os terapeutas preferem falar de ‘’formas
depressivas", disse a pesquisadora. Os sintomas principais são bastente
conhecidos: tristeza acompanhada de
idéias mórbidas, perda de interesse, distúrbios
psicomotores, da memória, do apetite e
do sono,auto desvalorização e sentimentos de culpa. Todas
as patologias psiquiátricas são multifatoriais e estão relacionadas com uma vulnerabilidade genética envolvendo
vários genes que interagem com o
meio ambiente da pessoa, notou Monica Zilbovicius. Sobre
a etiologia genética em causa, ‘’se é verdade que uma pessoa que tem um parente próximo depressivo
corre tres vezes mais riscos de sofrer
um episódio semelhante, isto não prova que a doença seja hereditária’’. Para ela, o argumento mais
convincente é que ‘’os parentes de gêmeos verdadeiros sofrendo de
depressão, correm quatro vezes mais riscos de sofrerem desta
doença do que os parentes de falsos
gêmeos depressivos.’’ Outros
fatores também devem ser levados em conta no
desencadeamento de uma depressão: os riscos são maiores nas pessoas que vivem
sozinhas, nas que estão desempregadas ou em situação de precaridade social. Por fim, a pesquisadora
se mostra prudente sobre uma
futura terapia genética da
depressão, julgando que este
tratamento ainda está longe de ser alcançado e aplicado aos casos mais graves, que restam sua principal indicação.Porém, "a maioria das pessoas deprimidas pode ser tratada perfeitamente pela farmacopéia clássica atual e um acompanhamento
psicoterápico.’’ 2)AS DOENÇAS MENTAIS SÃO UNIVERSAIS ? Eliezer de
Hollanda Cordeiro Ouvi a
entrevista Diagnostiquer une maladie
psychiatrique, est-ce possible? (Pode-se diagnosticar uma
doença psiquiátrica?), dada pelo psiquiatra
Boris Cirulnyk à jornalista Marie Odile-Monchicourt ,da
rádio estatal France-Info. Ele aborda a questão do diagnóstico em
psiquatria, precisando que “diagnosticar é
uma tarefa quase impossivel para
os psiquiatras que ignoram a dimensão
cultural da doença mental.’’ Ele dá exemplos: certas civilizações consideram ‘‘a epilepsia (perda de consciência e convulsões) de maneira positiva,
como prova de que o paciente tem dons extraordinários e que foi escolhido por
divindades por suas boas qualidades. Ao contrário, outras civilizações
estigmatizam a epilepsia, julgando que
tais pessoas são endemoniadas.’’ A melancolia - a morte
psíquica antes da morte corporal- e, sobretudo a depressão,’’ sempre foram vistas de modo diferente ,em função do
contexto cultural.’’ Os psiquiatras que levam em conta a transculturação , devem fazer
como os os antropólogos
que vão pessoalmente aos países que querem estudar. Eles podem constatar que as
sociedades aceitam a existência dos
loucos, embora nem todas lhes dêm o
mesmo estatuto.’’Quando lemos os registros de pacientes hospitalizados em
Dakar, percebemos que, antes da colonização, não havia nenhum diagnóstico de
depressão”. As pessoas não se sentiam
excessivamente culpadas como as do mundo
ocidental, elas sentiam-se dominadas por
entes sobrenaturais, etc.Também a depressão era vista em pessoas bastante
tranquilas que não eram levadas para o
hospital. A esquizofrenia, ‘’um termo
inventado pelo Suíço Bleuler no século
XIX, existia anteriormente sob o nome de demência
precoce. Sobre esta doença, ‘’o psiquiatra
francês Henri Baruch escreveu que,
da mesma maneira que a sífilis desapareceu com a descoberta dos colibacilos , a esquizofrenia iria ser curada
quando os germes responsáveis pela sua causa fossem encontrados. ‘’ Boris Cirulnyk, cita, um dos
redatores que estão preparando o futuro
DSM
V. Para o redator, o novo manual
‘’não vai servir prá nada’’ (do
ponto de vista classificação das doenças).Ele talvez sirva para aumentar a
venda de medicamentos pelos laboratórios
e para que as companhias de seguros aumentem
os seus preços. No melhor dos casos, o
futuro DSM V poderá aumentar as indenizações
das
pessoas sofrendo de uma doença psiquiátrica’’. Uma prova dos erros do DSM: até recentemente, a homossexualidade era considerada uma doença mental. Bastou uma simples pressão dum lobby sobre o Congresso dos Estados Unidos para que a
homossexualidade fosse removida do DSM. Em
conclusão, a melancolia, a esquizofrenia, as perversões, as depressões também
dependem de mitos e preconceitos culturais. É
preciso que os psiquiatras se entendam e
façam uma classificação que leve em conta esta dimensão cultural
negligenciada. Donde a idéia de um
encontro internacional reunindo psiquiatras que representem culturas de todos
os continentes. Somente assim seria posssivel encontrar a boa interpretação do contexto cultural, permitindo um diagnóstico aceito por todos. 3)O MAL-ESTAR DOS
ADOLESCENTES Leio na République du
Centre (La Rep.) (9/05/2011), um artigo sobre uma experiência
inédita em Orléans: a criação de um ‘’teatro interativo’’ , cuja finalidade é
a encenação de peças de teatro em
colégios e liceus. A representação escolhida
aborda temas relacionados com o mal estar dos adolescentes (inquietação,
aflição,ansiedade, insatisfação...) Ao final, os alunos são convidados a exprimir, no palco, suas próprias respostas
às situações encenadas. A grande maioria diz querer
mais relacionamentos, ser ouvidos,
reatar diálogos rompidos, acabar
com o isolamento. .. Os organizadores da experiência estão convencidos de que a
experiência é muito positiva, permitindo
a compreensão do que se pode fazer quando alguém vai mal. Donde o título do teatro
interativo: ‘’trouver des mots pour soulager
les maux’’ ( encontrar palavras para exprimir seus males). Os organizadores, destacam
oque é muito importante receber os adolescente e os pais ao mesmo
tempo, pelo menos no início do trabalho.
4)COLÓQUIOS E CONGRESSOS
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