![]() ![]() Volume 15 - 2010 Editor: Giovanni Torello |
Agosto de 2010 - Vol.15 - Nº 8 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1.PALAVRAS E EXPRESSÕES PSICOLÓGICAS NA LINGUAGEM FRANCESA CONTEMPORÂNEA Eliezer de Hollanda Cordeiro Quando o autor,compositor e intérprete Alain Souchon foi entrevistado há algumas semanas por um jornal francês, ele disse se angustiar ao cantar certas canções, sentir medo antes de entrar no palco e de continuar lutando contra sua timidez e melancolia. Ao fim da entrevista, admitiu que cantar é para ele uma ‘’forma de terapia. Para a cantora Olivia Ruiz, ‘’Cantar o amor pode ser muito perigoso e borderline (...). pode ser um trabalho banal de escritura mas também uma forma de terapia. Ela pensa que sua famosa canção ‘’Elle panique’’(Ela entra em pânico) não é somente auto-terapêutica(…) mas pode ser terapêutica para outras pessoas.’’ O aumento pertinente e constante, científico e sistemático do uso de palavras e expressões psicológicas na língua francesa, falada e escrita, é uma prova das transformações profundas da sociedade. Esta asserção me parece válida mesmo se a linguagem espontânea, ‘’popular’’, continue privilegiando termos mais comuns para nomear as condutas e os fenômenos mentais e afetivos que cada um pode observar e sentir em si mesmo ou nos outros. Notemos imediatamente que as velhas palavras ‘’fou’’(louco), ‘’folle’’(louca) e ‘’folie’’(loucura), quase desaparecidas da linguagem psiquiátrica, continuam a ser muito empregadas na designação das doenças mentais.E não sem razão porque elas ‘’apresentam um interesse semântico excepcional, designando não somente um estado patológico mas o contrário da Razão’’(Dictionnaire d’expressions et locutions de Alain Rey e Sophie Chantreau). UMA UTILIZAÇÃO CADA VEZ MAIOR NO ÂMBITO POLÍTICO Que palavras e expressões psicológicas continuem sendo empregados sem levar em conta as sutilezas clínicas das disciplinas que cuidam dos transtornos mentais não deve nos surpreender, como por exemplo os termos desequilibrado, alienado,demente, desarranjado, desaprumado,retardado, etc. Ajuntemos somente que o aumento espetacular do uso de termos oriundos da psicologia é sinal de uma percepção mais inteligente desses termos. Constatemos ainda que uma tal mudança linguística comporta novas expressões matafóricas, inventadas para explicar o estado de espírito da população, a situação social do momento ou a importante tensão política que reina atualmente na França. Li numa revista que um determinado político da oposição colocou-se numa posição esquizofrênica ao aceitar um pasta ministerial e entrar no governo. Notei no editorial de Jacques Camus, diretor do jornal de Orléans ‘’La République du Centre’’, a passagem onde ele fala de ‘’clima político anxiogênico’’ no país. O termo mitomania também está sendo bastante empregado, como no exemplo tirado de um editorial no qual o jornalista escreve- após citar afirmações de vários responsáveis políticos de esquerda e de direita- que ‘’uma verdadeira epidemia de mitomania está atacando políticos’’, e que eles ‘’sofrem desta doença contagiosa que é a mentira.’’ Citemos agora a passagem de um editorial no qual o jornalista afirma ‘’que a maneira como o país é governado provoca dor de cabeça e uma ansiedade permanente que paralisa os Franceses’’. Notemos a passagem doutro editorial: ‘’Hoje, na Assembléia Nacional, os debates transformaram-se num verdadeiro psicodrama’’ . E ainda‘’O anúncio feito pelo governo sobre a mudança de sua estratégia é sinal de uma política suicidária’’. Por último, resumo a carta escrita pelo pai de um adolescente autista, que recusa o emprego deste termo para designar um político: ‘Este político é tudo menos um autista. Porque meu filho que é autista não usa uma linguagem dúbia, é incapaz de qualquer violência,não dá importância ao dinheiro e não sabe fazer negócios’’. (A seguir) 2. PSIQUIATRA E PSICANALISTA, CLAUDE NACHIN CRITICA A LEI INSTITUINDO O TÍTULO DE PSICOTERAPEUTA NA FRANÇA Referência: Claude Nachin, ‘’Une loi anti-psychothérapies’’, in La Lettre de Psychiatrie Française, N° 193, Juin 2010 Tradução, resumo e comentários:Eliezer de Hollanda Cordeiro A formação médica é suficiente para que alguém se autorise psicoterapauta? E, se fosse o caso, qual o tipo de psicoterapia que o médico poderia reivindicar em termos de formação? Estas questões podem ser colocadas a propósito do texto regulamentando a profissão de psicoterapeuta na França, autorisando os médicos a praticarem qualquer forma de psicoterapia. E deixando entender que eles são psicoterapeutas natos, mesmo quando não podem precisar o tipo de psicoterapia em que se formaram nem a qualidade desta formação. Que diz exatamente a lei definindo o emprego do título de psicoterapeuta? Que os médicos possuem sólidos conhecimentos sobre a psicologia genética e as grandes patologias psiquiátricas, asserção que não traduz a realidade do nivel do ensino na maioria das faculdades. O texto de lei também subentende que os médicos vão aprender as teorias da psicopatologia e adquirir conhecimentos teóricos sobre as principais correntes psicoterápicas. A realidade é bem diferente na medida em que os estudantes de medicina não são obrigados a se formar num determinado tipo de psicoterapia, tanto mais que o texto de lei prevê somente 100 horas para tal formação. Outra questão: porque o texto obriga os psicólogos detentores de um diploma de estudos superiores em psicologia clínica ou psicopatologia (DESS ou Master 2), a fazerem novos estudos em psicopatologia e um estágio complementar de dois meses? Ora, a verdade é que esses psicólogos possuem mais conhecimentos nesses domínios do que os médicos, exceto os psiquiatras. Outro problema: se os analistas inscritos nos anuários de suas sociedades podem regularisar seu exercício profissional, porque recusar este direito às pessoas que praticam a análise transacional, a guestalte-terapia ou as terapias cognitivo-comportamentais, obrigadas a seguir formações complementares muito avançadas mesmo quando elas são inscritas nos anuários profissionais de suas associações? Todas essas questões explicam porque , Claude Nachin, considera a nova legislação em vigor como ‘’um triunfo do corporatismo médico ultrapassado’’ (...) que não deixará de suscitar hostilidades contra os próprios médicos ‘’no momento em que a legitimidade do seu poder nos hospitais está quase destruida .’’ A nova lei também vai suscitar hostilidades contra a psicanálise, da parte ‘’dos profissionais que deveriam ser nossos aliados naturais para a defeza de uma psiquaitria da pessoa’’. Por fim, Claude Nachin lembra o importante número de educadores especializados, assistentes sociais e enfermeiros que têm uma formação psicanalítica mas que não podem terminá-la por causa do custo exorbitante da formação em quase todas as sociedades psicanalíticas. E que que dizer de um texto que pretende lutar contra as seitas ao mesmo tempo em que o governo tolera a Igreja da Cientologia? Conclusão Claude Nachin tem razão ao escrever: ‘’para um psicanalista, só existe uma maneira de se formar em psicoterapia: começar por uma análise pessoal, mesmo se a pessoa venha depois a se interessar por outras formas de psicoterapias diferentes do trabalho psicanalítico’’. É que a psicoterapia não pode ser ‘’ensinada’’. Para Nachin, uma formação baseada no método de Michael BALINT pode ser a melhor opção para os profissionais que querem se especializar no atendimento psicológico das pessoas, como os enfermeiros, trabalhadores sociais, psicólogos, médicos , psiquiatras, etc.).Somente após esta formação básica geral, eles serão capazes de aperfeiçoar suas práticas respectivas, donde surgirão os profissionais desejosos de se dedicar ou não à profissão de psicoterapeuta. 3.REUNIÕES E COLÓQUIOS *LA REVUE FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET DE PSYCHOLOGIE MÉDICALE 4. ASSOCIAÇÕES *MISSION NATIONALE D’APPUI EN SANTÉ MENTALE *ASSOCIATION FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET PSYCHOLOGIE LEGALES (AFPP) *ASSOCIATION FRANÇAISE DE MUSICOTHERAPIE (afm) *ASSOCIATION FRANÇAISE DE THERAPIE COMPORTEMENTALE ET COGNITIVE (aftcc) *ASSOCIATION DE LANGUE FRANÇAISE POUR L’ETUDE DU STRESS ET DU TRAUMA (ALFEST) *ASSOCIATION DE FORMATION ET DE RECHERCHE DES CELLULES D’URGENCE MEDICO-PSYCHOLOGIQUE (AFORCUMP *ASSOCIATION POUR LA FONDATION HENRI EY ![]()
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