Volume 15 - 2010
Editor: Giovanni Torello

 

Janeiro de 2010 - Vol.15 - Nº 1

France - Brasil- Psy

Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Quem somos (qui sommes-nous?)                                  

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on  line”oferto aos  profissionais do setor da saúde mental de expressão  lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

Qui sommes- nous ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais  concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection  de sites

SOMMAIRE (SUMÁRIO):

 

  • 1. QUESTÃO SOCIAL, RESPOSTA PSY ?
  • 2. A EFICIÊNCIA DO PLACEBO
  • 3. LIVROS
  • 4. REVISTAS
  • 5. ASSOCIAÇÕES
  • 1. QUESTÃO SOCIAL, RESPOSTA  PSY ?

    Eliezer de Hollanda Cordeiro, psiquiatra inscrito na Ordem Nacional dos Médicos da França

    Referências: Jornada de estudos organizada pela associação Psypol, cujo presidente é  Claude Coquelle. Convidada especial: Françoise Champion,  pesquisadora no CNRS, autora de vários livros, entre os quais ‘’Psychothérapie et société’’ (A. Colin, 2009).

     

    A vida social  engendra  muitos sofrimentos, especialmente  psíquicos.  Então,  porque os psy não poderiam propor  respostas políticas em tais circunstâncias?Foi a questão que colocou a  associação  Psypol , numa  jornada de estudos  em Nantes,  em 28 de novembro último.O objetivo?   “Favorecer intercâmbios e enriquecimentos mútuos entre  dois universos geralmente  separados: o mundo psy (psicologia, psiquiatria, psicanálise, psicoterapia) e  os mundos político,  sindical e associativo,  sem  esquecer a filosofia, as ciências sociais e a cultura quando elas levam em conta questões relacionadas com o viver juntos e o engajamento do cidadão”.

    CITEMOS ALGUMAS  QUESTÕES:

    *Nas emprezas, pessoas ficam estressadas, deprimem-se, sentem-se oprimidas, temem não poder suportar  as cargas de trabalho, inquietam-se com o futuro.

    *Famílias   passam por dificuldades econômicas e financeiras,  num clima social marcado pela  insegurança e o desprezo.

    *Adolescentes  procuram um lugar numa sociedade cada vez mais violenta, competitiva, exclusiva.

    *A vida do casal é marcada por  tensões podendo se terminar em violências conjugais.

    *Estrangeiros chegam de muitos  países à procura de uma vida melhor, mas encontram numerosas dificuldades  e raros  apoios.

    Ora, examinando bem, todas essas situações são ao mesmo tempo  sociais, por atingirem  grupos que vivem problemas bem precisos,   mas elas são também ressentidas,  subjetivamente, por pessoas que sofrem sem poder  superar suas dificuldades. Na realidade, os «psys»  devem deixar de negligenciar e mesmo de negar a dimensão social do sofrimento que existe em muitas pessoas. 

    OS OBJETIVOS DE PSYPOL

    Este constato feito, os organizadores da jornada reconheceram que,  graças ao apoio dos poderes públicos,  respostas “psys” (escuta, acompanhamento, apoio, psicoterapia, desenvolvimento pessoal, etc.), estavam se desenvolvendo em todo o país,  embora  precisassem  ser afinadas, explicitadas,  mais  adequadas às situações  e aos problemas encontrados.

    Para Françoise Champion, pesquisadora nos domínios da sociologia das religiões e da  laicidade ,  as divergências existentes sobre as origens dos distúrbios psíquicos e  a melhor  maneira de tratá-los, continuam suscitando  debates, notadamente diante  das mudanças constatadas  nas políticas de saúde pública.  Assim, a pesquisadora desenvolveu a idéia de que  “as representações sociais do sofrimento, do mal-estar e da felicidade devem ser levadas em conta quando  a questão psicoterapêutica está em jogo’’.

    RESPOSTA  PSY OU  POLÍTICA ?

    Muitas pessoas criticam e se inquietam com a  psicologisação da sociedade. Realmente, dar respostas ‘’psys’’ a todas as questões relacionadas com o sofrimento humano pode trazer  o risco de se desviar  a  atenção dos verdadeiros problemas  que provocam  o isolamento das  pessoas. Assim, é  possivel que, em certas situações ou para certas pessoas, a mobilização coletiva seja  uma ‘’terapia’’preferivel às terapias propriamente ditas. Mas podemos tambem  supor que  a resposta  psy individual,  seja a primeira condição para que uma pessoa possa avançar  e se  engajar em combates políticos e coletivos.

    CONCLUSÃO

    Deixando de lado a questão polêmica “a favor ou contra a resposta  psy?” , não seria preferivel  se perguntar   qual seria a melhor política de saúde pública  para se combater  a exclusão, o isolamento e  a precariedade das pessoas?

    Françoise Champion,  responde que o desafio lançado aos psis é precisamente o  de encontrar  ‘’as práticas e as respostas   adequadas  aos  sofrimentos subjetivos  das pessoas,  sem perder de vista a dimensão coletiva e política da existência pessoal e das situações sociais.’’

    2. A EFICIÊNCIA DO PLACEBO

    Referência: ‘’Bien réel le surnaturel, et pourtant’’… ,  livro de Marc Menant  e  Serge Tribolet, Éditions Alphée. Prefácio :Sophie Lacoste

    Tradução e resumo: Eliezer de Hollanda Cordeiro

     

    Para se demonstrar  a eficiência de um medicamento,  utiliza-se  frequentemente o método  do placebo. Trata-se de um teste consistindo em administrar a um grupo de voluntários, um produto destituido de substância ativa, e de dar a outro grupo, um medicamento contendo a molécula que se quer testar. Estima-se que uma molécula  é  eficaz quando o seu emprego  produz   efeitos  favorávios superiores  aos  obtidos com o placebo.

    No livro ‘’Bien réel le surnaturel et pourtant’’’, o jornalista Marc Menant e o psiquiatra  Serge Tribolet explicam os mecanismos do placebo,  relatando surpreendentes experiências  capazes de provar que não somente o placebo é ativo mas também que a intenção com a qual ele é prescrito a uma pessoa influi sobre a sua ação.

    Eles citam uma experiência realizada com a participação  de dentistas. Uns receberam medicamentos apresentados como analgésicos, outros  como placebos.Por sua vez, os pacientes ignoravam totalmente a experiência e    pensavam que iriam  tomar um analgésico.

    Mas eis  que os próprios dentistas foram enganados: sem saber,  uns  deram placebos aos pacientes pensando dar-lhes analgésicos,  outros deram analgésicos pensando que se tratasse de placebos. Resultado: os terapeutas  que deram  um placebo  pensando que  fosse  um medicamento  verdadeiro, obtiveram  melhores resultados do que os que deram um  placebo  cientes de que estavam dando um placebo! Ao contrário, quando os terapeutas davam a  molécula verdadeira  pensando dar  um placebo, este  perdia sua eficiência, as vezes toda a sua eficiência!

    A FORÇA DE CONVICÇÃO

    Dissertando sobre o efeito placebo, o Dr. Triboulet lembra que a eficiência terapêutica depende  também da qualidade da sugestão, da força de convicção da pessoa   do terapeuta.Para explicar o poder do placebo,  ele  cita o Dr. Coué , célebre pelo seu método de auto-sugestão  que  passou até para a linguagem comum  na língua francesa, através da  expressão ‘’La méthode Coué’’ . O bom Doutor Coué   defendia a tese , tirada da  prática médica, segundo a qual  a eficiência terapêutica dependia não somente da convicção da pessoa que tratava  mas também da pessoa que era tratada.

    O PODER DA CURA

    O Doutor Triboulet  afirma que os terapautas e os pacientes  “possuem imensos poderes: um poder de cura e um poder de doença. Os dois poderes são determinados pela ação do pensamento sobre a matéria, a ação da linguagem sobre o corpo”. Dr. Tribolet  fala de sua pratica e  diz utilizar o  princípio da sugestão positiva. Ele nos dá um exemplo: ‘’um médico que diz ao paciente  que o tratamento prescrito vai curá-lo em dois dias, torna o medicamento muito mais eficaz’’. Fazendo assim, ele vai somar a eficiência terapêutica  do medicamento  com o efeito placebo, obtendo o melhor resultado possivel para a saúde do paciente.

    3. LIVROS

    *Valérie Brunel, Les managers de l’âme, La Découverte,2004

    *François  Champion (dir), Psychothérapie et société, A.Colin, 2008)

    *Claude  Coquelle, Le psy et le politique, Mardaga, 2003

    *Didier Fassin (dir), Des maux indicibles. Sociologie des lieux d’écoute, La Découverte, 2004

    *Emilie Hermant, Clinique de l’infortune. La psychothérapie àl’épreuve de la détresse sociale, Empêcheurs de penser en rond, 2004

    *Eva Illouz, Les sentiments du capitalisme, Seuil, 2006

    *Pierre Mannoni, La malchance sociale, Odile Jacob, 2000

    *Marcelo Otero, Les règles de l'individualité contemporaine :Santé mentale et société, PU deLaval, 2003

    *François de Singly, Les adonaissants , A. Colin, 2006

    *Didier Vrancken, Claude Macquet, Le travail sur Soi.Vers une psychologisation de la société ?, Belin, 2006

    4. REVISTAS

    * L’Évolution pychiatrique,

    *L’Information Psychiatrique

    *Impacte medecine

    *La revue française de psychiatrie et de psychologie medicale *L’encephale

    *Psychiatrie française

    *Evolution psychiatrique

    5. ASSOCIAÇÕES

    *Mission Nationale d’Appui en Santé Mentale

    *Association française de psychiatrie et psychologie legales (afpp)

    *Association française de musicotherapie (afm)

    *Association art et therapie

    *Association française de therapie comportementale et cognitive (aftcc)

    *Association francophone de formation et de recherche en therapie comportementale et Cognitive (afforthecc)

    *Association de langue française pour l’etude du stress et du trauma (alfest)

    *Association de formation et de recherche des cellules d’urgence medico-psychologique (aforcump

    *Association pour la fondation Henri Ey

    *Association internationale d’ethno-psychanalyse (aiep)

    *Ecole parisienne de gestalt

    *Ecole française de sexologie

    *Ecole de la cause freudienne

    *Groupement d’études et de prevention du suicide (geps)

    *Groupe de recherches sur l’autisme et le polyhandicap (grap

    *Société française de thérapie familiale (sftf)

    *Société française de recherche sur le sommeil (sfrs)

    *Société française de relaxation psychotherapique (sfrp)

    *Société de psychologie medicale et de psychiatrie de liaison de langue française

    *Société médicale Balint

    *Union nationale des amis et familles de malades mentaux (unafam)

    *Association Psychanalytique de France (apf)

    *Société Psychanalytique de Paris (spp)

     


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