Volume 14 - 2009 Editores: Giovanni Torello e Walmor J. Piccinini |
Maio de 2009 - Vol.14 - Nº 5 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites
Dr.Samuel Lepastier (Psiquiatra, psicanalista francês) Tradução : Dr.Eliezer
de Hollanda Cordeiro,psiquiatra inscrito na Ordem Nacional dos Médicos da
França Ao contrário, nossa civilização apresenta a tendência cada vez maior de fazer da morte um tabu. Será que devemos ver nela uma tentativa de negar nosso destino humano: nem sexualidade, nem pulsões, nem renúncias, nem lutos ? Foi no fim do Século XVIII que esta atitude começou a mudar, não somente por causa dos progressos da higiene e da medicina que diminuiram a mortalidade, mas sobretudo por causa da revolução industrial que deu ao homem poderes quase ilimitados, outrora apanágio dos deuses. Os medicamentos modernos, a revolução terapêutica permitiram uma maior esperança de vida, enquanto o fenômeno da « terceira idade » adquiriu uma importância crescente na população. Esta revolução levou ao abandono quase completo dos rituais e costumes funerários. Face a esta percepção insuportável da morte, a negação não seria um mecanismo extremamente patológico ? É o que o psiquiatra observa e deve levar em conta em sua prática, como ocorre nos lutos fracassados, ignorados ou incompletos que muitas vezes começaram nas gerações precedentes. Contudo, esta negação é incompleta, se levarmos em conta a realidade do AIDS, as guerras que persistem, os problemas ligados ao meio ambiente, o aumento das catástrofes naturais. Esta negação pode ser também constatada na Shoah, no negacionismo dos campos de concentração por pseudo historiadores, nos desgastes psíquicos provocados pelos campos de concentração nas pessoas deportadas, mas também nos sobreviventes e mesmo nos descendentes, que as vezes sofrem tanto quanto os deportados, em proa a um tipo de transmissão do indizivel que engendrou uma patologia transgeneracional. É possivel que o acréscimo constatado, sobretudo pelos psicanálise, dos estados limites ou das problemáticas narcísicas possa ser atribuido a um fraqueza dos pais que não mais ousam propor-se como modelos identificatórios. Desta forma, podemos até nos perguntar se a moda do estruturalismo não repousaria no malentendido consistindo em privilegiar a estrutura para limitar o peso da história, dando a ilusão de uma permanência num momento em que tudo é colocado em questão. De todos os seres vivos, o homem é o único a ter consciência de sua própria morte, embora não se possa representá-la no inconsciente. Mas através a patologia, somos testemunhas privilegiadas do que se procura ocultar, a recusa do luto, que, longe de ser uma vitória do Eros, exprime uma regressão que é exatamente o resultado das forças de destruição. Em « Considerações atuais sobre a guerra e a morte », S.Freud escreveu durante a Primeira Guerra Mundial: ‘’Se queres a vida, preparas a morte » . 2. ADOLESCÊNCIA E ALCOOLISMO Referência : ‘’Alcool, Plus d’infos pour moins d’intox’’, edição ‘’Écoute alcool’’ e ‘’Fil sans jeunes’’. Tradução e resumo: Dr.Eliezer
de Hollanda Cordeiro, psiquiatra inscrito na Ordem Nacional dos Médicos da
França Não faltam razões para se explicar porque um jovem começa a beber : procura de sensações fortes, vontade de fazer como os outros, simples curiosidade, luta contra a timidez, medo de ser excluido do grupo, busca da admiração dos outros, incapacidade a dizer não, etc. Mas as pessoas que bebem demais podem minimizar suas condutas, explicando só beberem em festas, de vez em quando, afirmando poderem parar de beber quando quiserem… Uma questão vem ao espírito : porque os jovens buscam o prazer imediato da embriaguez, não hesitando em colocar até as suas vidas em perigo ? RISCOS Os adolescentes devem conhecer os riscos ligados ao excesso de bebida alcoólica. Precisam saber que cerveja, uisque, vodca, rum, champanha, vinho são bebidas que contêm a mesma molécula, o etanol ou álcool puro. Saber também que, após sua ingestão, o álcool vai se difundir no organismo de maneira muito rápida, especialmente no cérebro. E que estas bebidas se diferenciam não somente pelo gosto que têm mas também pela concentração em etanol. As pessoas que bebem habitual e excessivamente aumentam os riscos de contrairem graves doenças: canceres, cirroses, problemas cárdio-vasculares e digestivos, distúrbios psíquicos como a depressão e a ansiedade, e mesmo uma deterioração da matéria cinzenta do cérebro, prejudicando o seu funcionamento. Note-se também que, durante a gravidez, mesmo em pequena quantidade, as bebidas alcoólicas são perigosas para o futuro bebé, na medida em que podem provocar-lhe deficiências intelectuais, mal-formações,etc. Beber frequente e excessivamente pode acarretar cansaço, falta de concentração, perda de memória e, por conseguinte, trazer novos problemas relacionados com a vida cotidiana da pessoa: fazer gazeta, falta de motivação, baixa das notas escolares e mesmo interrupção escolar. Existe também o risco de que o jovem venha a perder o contacto com os outros, retraindo-se, ensimesmando-se, cessando atividades que lhes davam prazer. Pouco a pouco ele chegará a escolher seus amigos e suas noitadas em função do objetivo se embriagar, organisando a sua vida em função da bebida alcoólica. As relações com os amigos e os próximos (inclusive com a sua família) podem se deteriorar. VIOLÊNCIAS Ainda mais, a pessoa que se embriaga pode se mostrar mais impulsiva.Um olhar, uma insinuação,uma brincadeira podem ser mal interpretados e degenerar em brigas. Uma grande parte das agressões(injúrias, pancadas, agressões sexuais) vão ser cometidas sob a influência do álcool. Outra coisa, a pessoa embriagada se torna mais vulnerável e por conseguinte menos capaz de se defender de agressões físicas. ACIDENTES NAS ESTRADAS Cerca de 1250 jovens, entre 15 e 24 anos, morrem cada ano nas estradas francesas. As estatísticas indicam ainda que, nesta faixa etária, 30% dos acidentes mortais são causados pela ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. Na França, o alcoolismo é a primeira causa da mortalidade dos jovens, após o suicídio. Com efeito, o álcool diminue os reflexos do chofer, sua vigilância e resistência à fatiga. Sua visão e a correta estimação das distâncias serão perturbadas, aumentando o seu tempo de reação e levando-o a freiar o automóvel tarde demais.Notemos ainda que a bebida desinibe a pessoa, conduzindo-a a subestimar os riscos nas estradas. Aliás, o risco de acidente mortal aumenta muito rápido em função do teor de álcool : a partir de 0,5 g de álcool/l no sangue, o risco é multiplicado por 2. E quando o álcool é ingerido com maconha, por exemplo, o risco de sofrer ou de provocar um acidente mortal é multiplicado por quinze. MAL ESTAR E COMA ETÍLICO Quantidades importantes de bebidas alcoólicas tomadas em pouco tempo( o chamado bing drinking) produzem efeitos orgânicos imediatos e graves. A embriguez pode então se acompanhar de náuseas, vômitos, perdas de memória, delírios, perda de consciência, a pessoa podendo até chegar ao coma etílico, verdadeira intoxicação necessitando uma hospitalização urgente. Numa tal emergência, a falta de cuidados pode acarretar a morte. QUE PODE FAZER O GOVERNO? Muita coisa pode ser feita para o decréscimo do consumo de álcool pelos adolescentes. Contudo, se uma parte do problema resulta da educação, da personalidade do adolescente e dos pais, o governo tem um importante papel a desempenhar. Por exemplo, limitando a publicidade que incita ao consumo do álcool, controlando os patrocínios das festas por indústrias produtoras de bebidas alcoólicas. Com efeito, sabe-se que a publicidade dobra imediatamente o consumo de álcool.Sem esquecer o contrôle da publicidade pela internete, que, na França, desempenha um papel importante no alcoolismo da juventude. QUESTIONÁRIO Afim de se conhecer de maneira mais completa os hábitos dos adolescentes e suas relações com as bebidas alcoólicas, associações francesas elaboraram um questionário onde podemos ler as seguintes questões : *Você se embriaga frequentemente ? *Você bebe as vezes muito mais do que deseja ? *Ocorre-lhe arrepender-se de ter bebido excessivamente na noite precedente? *Ocorre-lhe beber álcool sozinho ? *Sente às vezes a necessidade de beber para se achar melhor ou enfrentar um problema? *Já tomou ao mesmo tempo uma bebida alcoólica e drogas como o canabis, ou outras ? *Já teve problemas após haver bebido : violências sofridas, cometidas, ferimentos, desastre de automoel, problemas com a familia, com amigos, dificuldades escolares? *Um amigo ou amiga, um parente seu já se mostrou inquieto por causa da maneira como você bebe ? 3. REVISTAS *La revue française de psychiatrie et de psychologie medicale *L’encephale 4. ASSOCIAÇÕES *Mission Nationale d’Appui en Santé Mentale *Association française pour l’approche integrative et eclectique en psychotherapie (afiep) *Association française de psychiatrie et psychologie legales (afpp) *Association française de musicotherapie (afm) *Association française de therapie comportementale et cognitive (aftcc) *Association de langue française pour l’etude du stress et du trauma (alfest) *Association de formation et de recherche des cellules d’urgence medico-psychologique (aforcump) *Association nationale des hospitaliers pharmaciens et psychiatres (anhpp) *Association scientifique des psychiatres de secteur (asps) *Association pour la fondation Henri Ey *Association internationale d’ethno-psychanalyse (aiep) *Collectif de recherche analytique (cora) *Groupement d’études et de prevention du suicide (geps) *Groupe de recherches sur l’autisme et le polyhandicap (grap) *Groupe de recherches pour l’application des concepts psychanalytiques a la psychose (grapp) *Société française de gérontologie *Société française de thérapie familiale (sftf) *Société française de recherche sur le sommeil (sfrs) *Société française de relaxation psychotherapique (sfrp) *Fédération française d’adictologie *Société de psychologie medicale et de psychiatrie de liaison de langue française *Union nationale des amis et familles de malades mentaux (unafam) *Association Psychanalytique de France (apf) *Société Psychanalytique de Paris (spp)
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