![]() ![]() Volume 13 - 2008 Editores: Giovanni Torello e Walmor J. Piccinini |
Novembro de 2008 - Vol.13 - Nº 10 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1.OS MÉDICOS NÃO SÃO PACIENTES COMO OS OUTROS (Revista bi-mensal da Ordem Nacional dos Médicos da França) Tradução
e resumo: Eliezer de Hollanda Cordeiro O dossiê n° 22 da revista da Ordem Nacional dos Médicos, datado de
setembro-outubro 2008,
traz um assunto muito interessante e pouco abordado pelos
médicos. Lembrando que
ser médico não é uma
garantia para se ter uma boa saúde, os autores constatam que aqueles que
tiveram de enfrentar uma doença somática ou mental grave, deram-se conta dos horrores desta situação
paradoxal para a qual não estavam
preparados: poucos médicos têm um
comportamento racional com relação à sua
própria saúde. Foi o que
levou o Conselho Nacional
da Ordem dos Médicos a fazer um inquérito e a propor soluções para
alertar e ajudar os colegas doentes. ‘’A doença do médico é um escândalo’’, escreveu Montaigne no Século XVI. Dois
séculos mais tarde, Voltaire
foi mais longe:”Não existe algo mais ridículo do que
um médico que não morre de velhice...’’ Mesmo se hoje
em dia este tipo de ironia está fora de moda,
devemos admitir que a relação dos
médicos com a própria doença não é nada simples. Qundo interrogados sobre
o assunto, eles dizem ser pacientes como os outros. Mas isto não é exato, como
demonstra um
levantamento feito com médicos exercendo na região da Iha-de-França, onde se
pode constatar que 90% deles não têm um médico pessoal!E que a grande maioria nunca
consulta um colega, preferindo a auto-medicação. RECUSA DA REALIDADE E MINIMIZAÇÃO DO RESSENTIDO Outra especificidade aparece neste inquérito: os médicos recusam muitas vezes os exames preventivos,
mesmo quando é assalariado de um hospital ou de uma empreza.É muito raro tomarem vacinas, mesmo contra patologias tão
importantes como o tétano,a hepatite
viral e até mesmo a gripe.Na realidade,
quase nunca se comportam de maneira racional, quando é questão da
própria saúde. Sobrecarga de trabalho ou ausência de objetividade na análise do que
eles ressentem? O fato é que
ao adoecer, a tendência deles é de recusar a realidade dos sintomas ou minimisar o que ressentem. Mesmo quando a
patologia é manifesta, continuam muitas vezes a negar a evidência. De tal modo
que, quando são reconhecidos como doentes- geralmente
após a intervenção de um membro da família
ou de um colega- a patologia já se
tornou mais grave, o que vai dificultar o tratamento. LIMITAR A POSSIBILIDADE DA AUTO-PRESCRIÇÃO ? Quando um médico sofre de uma doença grave suscetível de ameaçar-lhe a
vida ou de atingir-lhe
as funções mentais e motoras, ele se encontra confrontado a uma
realidade que vai complicar sua relação
com o colega que vai tratá-lo, o qual deve não somente adaptar seu
comportamento e seu discurso, mas também
agir de maneira convincente e
intransigente do ponto de vista terapêutico. Uma tal
situação é muito delicada. Porém, mesmo em caso de uma doença benigna, este comportamento irracional
do médico doente pode produzir efeitos deletéreos. Não é raro, por exemplo, que
o estado de cansaço excessivo e de esgotamento leve um médico a tomar estimulantes como os corticóides. Ou tomar
psicotrópicos: cerca de 86% dos médicos que se encontram neste caso recorrem à
auto-medicação. Estes dados impressionantes conduziram os autores do relatório
Médico doente a colocar a seguinte questão: a auto-medicação
não deveria ser limitada? Porque não somente ela pode se tornar nefasta em termos de saúde, mas
também deixar o médico sózinho,frente a ele mesmo e ao seu problema. NECESSIDADE DE UMA AJUDA PSICOLÓGICA Ora, o relatório se refere longamente à solidão do médico doente(...),
especialmente quando sofre da síndrome de esgotamento profissional ou então
de desordens psíquicas, frequentemente causadas pelas condições sociais
e profissionais, muito diferentes
das que tinha no início de sua carreira. Todos os inquéritos realizados nos último anos mostram a mesma tendência: o aumento constante
do número de médicos, especialmente dos urgentistas, que reconhecem um
esgotamento psicológico e físico. Na
Île-de -France, um terço dos médicos admitea
necessidade de uma ajuda psicológica.Mas não dizem nada, como salienta o
relatório e, tentando esconder sua angústia,seu desencanto, sua ferida
narcísica ,sua incapacidade a gerar o comportamento dos pacientes, refugiam-se na denegação e recusam ir
consultar um colega capaz de ajudá-lo a refletir sobre a escolha que o
levou a exercer a profissão de médico,bem como
sua incapacidade a exercê-la. Para salientar a importância do problema, um levantamento mostra que o suicídio é a causa da morte de 14 % dos
médicos liberais ativos, contra 5,6% na população geral. Por conseguinte, é urgente cortar o mal pela raiz e melhorar as
condições de trabalho do
médico. Mas todas as situações evocadas no relatório ‘’Médecin
malade’’(Médico doente), mostram que é preciso
agir ao nível da prevenção, atualmente muito
negligenciada pela profissão. Para tanto, o Conselho está preparando um certo número de medidas concretas que deverão ser
debatidas muito em breve. 2.O CORAJOSO TESTEMUNHO DO PROFESSOR Livro:Guérir
et mieux soigner-Un médecin à l’école de sa maladie Pr.
Pascal Hammel, éd. Fayard, Paris, 2008(18 euros) Tradução e resumo:
Eliezer de Hollanda Cordeiro Sedutor quadragenário, esportista e pai de quatro crianças, o Pr. Pascal
Hammel é gastroentorologista especializado no tratamento dos câncers do aparelho
digestivo. Sofreu um
choque quando soube que tinha um
câncer,um linfoma que
veio perturbar a sua vida de maneira inesperada, levando-o a ficar na posição
de médico e doente. Decidiu contar a história de sua ‘’experiência’’, pensando
que seria bom para ajudá-lo
a atravessar esta
provação, da qual saiu curado seis meses depois, porém muito abalado e mudado. Ele conta seus medos, suas dúvidas e esperanças, seus sofrimentos, as
reações dos parentes e as atitudes daqueles que lhe prodigaram os cuidados. O Professor escreveu uma narração sensivel, sincera, mostrando
a dificuldade do médico que se
encontra na pele de um doente. Ele tem
medo como todo mundo, contudo
por causa de seus conhecimentos e de sua
deformação profissional, tem até
mais medo na medida em que seus
conhecimentos levam-no a imaginar o pior... 3.CENTRO DE ADICTOLOGIA DE BESANÇON Tradução e resumo: Eliezer de Hollanda Cordeiro Uma das medidas concretas tomada pelo Conselho da Ordem dos Médicos é a
construção de um centro de adictologia
em Besançon, capaz
de responder não somente às necessidades
da região Franche-Comté, mas também
de todos os profissionais da
saúde trabalhando na França. Há mais de 4 anos que o Professor Pierre
Carayon , a pedido do Conselho,está lutando para
realizar este projeto. O objetivo é de instalar 32 leitos, a metade sendo reservada aos médicos, a outra aos demais
profissionais da saúde. Naturalmente, a mesma equipe de tratamento acompanhará todos os
pacientes. Por sua vez, os membros das equipes receberão uma formação
especial, adaptada às particularidades
destes pacientes profissionais da saúde,
esclarece o Professor Coryon. A futura equipe de tratamento contará com um médico adictólogo, com
psicólogos, kynesiterapeutas,
enfermeiros (...) que cuidarão dos
sofrimentos físicos e psíquicos dos pacientes durante e após a fase de desmame. 4.PROGRAMA DE AJUDA INTEGRAL AO MÉDICO
DOENTE EM BARCELONA Entrevista dada pelos doutores Beranger
Camps e Padros,
respectivamente diretor do gabinete de estudos do Colégio dos médicos de
Barcelona. Tradução e resumo: Eliezer de Hollanda Cordeiro O PAIMM, programa pioneiro
na Europa, vai
completar 10 anos de existência.De que se trata exatamente? O programa foi criado em 1990 pelo Colégio dos médicos de Barcelona.Seu
objetivo: dar assistência aos práticos sofrendo de problemas psíquicos ou de dependência às
drogas. O acompanhamento será feito num centro hospitalar com serviços
especializados. A cada dez pacientes tratados, nove conseguem reintegrar sua
atividade profissional. Os médicos são
pacientes diferentes dos outros? Estudos ingleses e americanos confirmam isto.Em
Catalunha, mais da metade
dos práticos não tem um médico
generalista,nem acompanhamento médico. Os estudos ressaltam ainda que, quando um médico
sofre de distúrbios psíquicos ou de problemas de dependência, ele tem medo de
falar com um colega, temendo ser
estigmatizado do ponto de vista pofissional.
Isto justifica a
criação de uma unidade de cuidados específicos? Sim, porque os médicos são péssimos doentes, cheios de exigências que
muitas vezes tornam o tratamento bastante dificil. Assim, aqueles que vão
tratá-los devem ter uma grande experiência profissional e
sólidas qualidades humanas. Mas existe um outro motivo: nossos pacientes
precisam de uma confidência absoluta.Assim, quando um
médico entra em contacto com nosso serviço de tratamentos, ele adota um nome
falso. Somente duas pessoas, encarregadas da recepção e da coordenação dos
cuidados, conhecem a verdadeira identidade do médico. E ambas respeitam rigorosamente o segredo
médico. Quando o senhor pede
aos médicos para assinalar os colegas
que sofrem de uma doença mental ou de uma conduta adicta, não estaria em contradição com o código de deontologia e
o segredo médico? A conspiração do silêncio não é uma boa maneira de ajudar os colegas. O
corporativismo serve para
enterrar os problemas, especialmente quando se trata de dependências
às drogas e de distúrbios mentais. Resultado: quando não é tratado, o médico corre o risco de
mergulhar ainda mais na doença e de se
tornar um perigo para os seus pacientes. Entretanto, quero precisar que se o
nosso código de deontologia integrou a noção de assinalamento, ele lançou ao mesmo tempo o
programa de assistência ao médico doente. Desde o início, concebemos esta
questão como uma medida de proteção e de ajuda ao médico, e não como uma medida
disciplinar! Esta maneira de tratar é obrigatória? 85% dos pacientes
recebidos no PAIMM são voluntários, os demais vêm após um assinalamento transmitido à Ordem dos Médicos. Mas percebemos uma evolução das mentalidades.
No início, os médicos eram assinalados pelos pacientes.Hoje
em dia, os colegas evitam de chegar a este ponto e preferem assinalar ou
se assinalar, convictos de que podem confiar na qualidade do acompanhamento e na confidencialidade do
PAIMM. O tratamento é gratuito para os pacientes afiliados a uma ordem dos médicos da Espanha. Os cuidados são financiados pela
administração pública(80%) e pela fundação
Galatea(20%), criada pela ordem da Catalunha, em 2003. 5.REVISTAS *La revue française de psychiatrie et de psychologie
medicale *L’encephale 6.
ASSOCIAÇÕES *Mission
Nationale d’Appui en Santé Mentale *Association française pour l’approche integrative et
eclectique en psychotherapie (afiep) *Association
française de psychiatrie et psychologie legales (afpp) *Association française de musicotherapie (afm) *Association française de
therapie comportementale et cognitive (aftcc) *Association de langue française pour l’etude du stress et du trauma
(alfest) *Association
de formation et de recherche des cellules d’urgence medico-psychologique
(aforcump) *Association nationale des hospitaliers pharmaciens et
psychiatres (anhpp) *Association scientifique des psychiatres de secteur
(asps) *Association pour la fondation Henri Ey *Association
internationale d’ethno-psychanalyse (aiep) *Collectif de
recherche analytique (cora) *Groupement d’études
et de prevention du suicide (geps) *Groupe de recherches sur l’autisme et le polyhandicap
(grap) *Groupe de recherches pour l’application des concepts
psychanalytiques a la psychose (grapp) *Société
française de gérontologie *Société
française de thérapie familiale (sftf) *Société française de
recherche sur le sommeil (sfrs) *Société
française de relaxation psychotherapique (sfrp) *Fédération
française d’adictologie *Société de psychologie medicale et de psychiatrie de
liaison de langue française *Union nationale des
amis et familles de malades mentaux (unafam) *Association Psychanalytique de France (apf) *Société
Psychanalytique de Paris (spp) *Coordination (coordenador):Doutor Eliezer de HOLLANDA CORDEIRO ![]()
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