Volume 12 - 2007
Editor: Giovanni Torello

 

Julho de 2007 - Vol.12 - Nº 7

Coluna da Lista Brasileira de Psiquiatria



Assuntos:

SOBRE A LEI DO ATO MÉDICO

Comunicado da Associação Psiquiátrica de Brasília,Federada da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP

Ato Médico

A categoria médica brasileira tem hoje diante de si grandes desafios que vêm sendo enfrentados por suas entidades representativas. A mais importante delas é a regulamentação do exercício da medicina.

A Lei 3.268 de 1957 que criou os Conselhos de Medicina não definiu o campo de atuação e as atividades privativas dos médicos, por considerá-las de notório saber, assim, a medicina, profissão milenar, ainda não está regulamentada no Brasil.

Na medida que foram surgindo, as novas profissões na área da assistência à saúde, as mesmas foram sendo regulamentadas e tiveram definidos os seus campos de atuação de forma a não conflitar com as atividades desenvolvidas pelo médico.

Entretanto, a não definição legal do campo de atuação do profissional médico propiciou que os Conselhos Federais de outras profissões, através de resoluções, legislassem indevidamente, invadindo espaços considerados como privativos do médico, propiciando o surgimento de conflitos e desgastes nas interfaces entre a medicina e as demais profissões da área da saúde.

Para que se preserve a harmonia e a eficiência da equipe de saúde e para que se proteja a população a ser assistida, tornou-se imperativo a definição legal do campo de atuação e dos atos privativos dos médicos.

Tornou-se fundamental que os pacientes saibam quais são as atribuições e quais são as responsabilidades de cada um dos diferentes profissionais que os assistem.

Assim, dois Projetos de Lei foram apresentados no Senado em 2002, O PLS 25/2002, de autoria do Senador Geraldo Althoff, e o PLS 268, de autoria do Senador Benício Sampaio.

Com grande habilidade, a Senadora fez com que os entendimentos avançassem de modo bastante satisfatório, resultando na elaboração de um substitutivo que representa o consenso obtido entre a Coordenação em Defesa da Regulamentação Médica e o Movimento dos Contra.  Participaram, ainda, destas reuniões representantes do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS).

O Projeto, em sua essência, define como privativo do médico o diagnóstico de doenças e a prescrição terapêutica e não modifica em nada o que está nas leis que regulamentam as outras profissões. Assim, propiciará harmonia no trabalho desenvolvido por equipes interprofissionais.

O Substitutivo, consensual entre os dois grupos, foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado e agora, na Câmara dos Deputados, esperamos por sua aprovação sem nenhuma modificação.

O presidente da APBr, Dr. Antonio Geraldo da Silva, os presidentes do CREMAL Dr. Emmanuel Fortes e CREMEGO Dr. Salomão Rodrigues Filho, conclamam todos os colegas a entrarem no site da câmara dos deputados ,www.camara.gov. br, e mandarem um e-mail ao Deputado Edinho Bez, solicitando a aprovação da lei conforme o formato atual.  

“Precisamos estar atentos, unidos e fortes, pois a nossa profissão depende da nossa atuação. É a  APBr em defesa da classe médica, da nossa especialidade e da nossa profissão.”

Antônio Geraldo da Silva – Presidente da APBr.

Colaboraram na elaboração deste texto os doutores: Emmanuel Fortes e Salomão Rodrigues Filho.

PSICANÁLISE É ESPECIALIDADE MÉDICA?

Processo consulta CFM no. 4048/97

Ementa: a atividade exclusiva da psicanálise não caracteriza exercício da medicina. A titulação médico-psicanalista não tem amparo legal, não sendo portanto permitida a sua utilização.

Consulta: a atividade psicanalítica é exclusiva de médicos [...]? Não ou sim e por que?

Resposta: Não. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades psicanalíticas e analistas didatas. Apesar de manter interfaces com várias profissões pela utilização de conhecimentos científicos e filosóficos comuns a diversas áreas do conhecimento, não se limita a especialidades de nenhuma delas, constituindo-se em uma atividade autônoma e independente.

Pergunta: existem conselhos (federal ou regionais) de psicanálise? Não ou sim e por que?

Resposta: Não. Os conselhos são autarquias federais criadas por lei, com as atribuições de supervisionar eticamente, disciplinar e julgar os atos inerentes e exclusivos das profissões liberais de formação acadêmica reconhecidas oficialmente no país, estando a atividade psicanalítica à parte desta conceituação. Não se lhe aplica a vinculação a conselhos.

Pergunta: um médico [...] que também seja psicanalista está exercendo a medicina [...] ao atuar exclusivamente como psicanalista? Não ou sim e por que?

Resposta: Não. Não sendo a psicanálise reconhecida como especialidade médica e não utilizando na sua prática atos médicos não é cabível a sua caracterização como exercício da medicina e, tampouco, pode o médico intitular-se médico-psicanalista.

Brasília, 29.11.1997 – Conselheiro-relator Rubens dos Santos Silva.

(Aprovado em sessão plenária em 11.02.1998)

Perguntei ao psiquiatra e historiador da psiquiatria brasileira, Walmor Piccinini, se é necessário ser médico para ser psicanalista. O eminente colega nos deu esta resposta:

“Portela. Freud, quando fundou o movimento psicanalítico propôs que a psicanálise não deveria ficar circunscrita à Medicina e a Universidade. Melanie Klein, uma grande teórica do movimento, era pedagoga (...). Nos EUA [a psicanálise] ficou circunscrita ao meio médico, mas aos poucos foi sendo aberta para os psicólogos (diga-se en passant, que a condição de psicólogo clínico, nos EUA, obedece a critérios rígidos: dois anos de residência em hospital e um exame de capacitação tipo board; muito diferente do Brasil...) . Havia em São Paulo um engenheiro psicanalista e no Rio de Janeiro a Katrin Kemper não era médica, mas casada com o W. Kemper, etc (...). O Angel Garma, meu bisavô analítico, foi analisado pelo Theodor Reik que era leigo e esse parece ter sido o motivo dele ter emigrado para Buenos Aires, [onde] fundou a APA. O problema começou mesmo com os lacanianos, que romperam com a IPA e abriram a formação para outros profissionais, artistas plásticos, economistas etc. Agora vieram os pastores da universal se intitulando analistas e fazendo esses cursos rápidos. (Não precisa ter curso superior para ser bispo, imagina se vai ser necessário para ser psicanalista) . A situação da formação analítica tradicional atravessa uma série de dificuldades. Está difícil conseguir pacientes, casos para supervisionar etc. Nunca houve por parte dos analistas o desejo de transformar a análise numa profissão. Se isso é bom ou ruim, eles é que decidem.”

ATUALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA – Fernando Portela Câmara

Mitos derrubados

 

Este mês tivemos duas notícias polêmicas e interessantes. A primeira foi publicada no Archives of Neurology deste mês. Beate Ritz e colaboradores estudaram 11.809 pessoas, 2.816 delas com mal de Parkinson e 8.992 sem esta doença, oriundas de 11 estudos entre 1960 e 2004. "Estudos recentes também sugerem que o risco de mal de Parkinson é particularmente baixo nos fumantes com uma longa história de tabagismo, e alguns indicaram reduções relacionadas com as doses e a maior quantidade de anos de fumo e cigarros fumados", escreveram os autores. "Nossa análise confirmou os relatórios anteriores de uma relação inversa entre o fumo e o mal de Parkinson", assinalou o artigo.
O sexo das pessoas ou seu nível educativo não afetaram os resultados. "Chegamos à conclusão que os atuais fumantes e os que tinham continuado fumando cigarros dentro dos cinco anos posteriores ao diagnóstico do mal de Parkinson tinham o risco mais baixo. Foi observada também uma diminuição de risco de 13% para 32% nos quais tinham deixado de fumar até os 25 anos antes do diagnóstico de mal de Parkinson". Segundo o estudo outros produtos do tabaco aparentemente também protegeram contra o mal de Parkinson: os homens que fumavam cachimbo ou charutos tiveram um risco 54% mais baixo.

A outra notícia veio de um artigo importante publicado também este mês no American Journal of Psychiatry, por Robert Gibbons. Mais um mito que cai. Jovens que consomem antidepressivos têm menos chances de tentar o suicídio do que pacientes deprimidos que não estejam sendo tratados com medicamentos. Esta descoberta contradiz pesquisas anteriores que levaram a administração de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration, FDA) a advertir que alguns destes medicamentos estimulam o comportamento suicida nos jovens. O novo estudo se concentrou nos inibidores seletivos de recaptação da serotonina. "O índice de tentativas de suicídio entre pacientes deprimidos tratados ISRS foi de aproximadamente um terço em comparação com os pacientes que não foram tratados com o SSRI". O estudo analisou 226.866 pacientes com depressão entre 2003 e 2004 e comparou o risco de suicídio em quatro grupos de idades antes e depois do tratamento com ISRS. Todos os grupos tratados com medicamentos SSRI apresentaram um risco menor de tentativa de suicídio.

DEBATE DO MÊS NA LBP – Clozapina e eosinofilia (Conclusão)

(N.Ed. – as acentuações e concordâncias são tais como se encontram nos textos originalmente enviados para a LBP)

 

Com referencia aquele paciente de 38 anos, portador de esquizofrenia resistente a neurolépticos tradicionais e a alguns atípicos, apresentado e discutido brevemente aqui na Lista, gostaria de informar que ele já vai para a SETIMA semana de uso da clozapina (200 mg / dia) e a eosinofilia, que estava  em 27 % no penúltimo exame, caiu para 10% no hemograma da ultima sexta feira.

Os exames hematológicos estão sendo feitos a cada 15 dias, dada a resistência do paciente em cooperar com exames semanais.

As enzimas GGT, TGO, TGP também permanecem dentro de valores normais.

Detecto alguma melhora clinica no quadro psicótico (maior interesse no contato social em casa, explosões de ira menos freqüentes, pensamentos de morte já não tão constantes)  mas isso poderia ser um viés meu. Alguém aqui saberia informar que questionários mais objetivos (para avaliar esta evolução) estão disponíveis para nosso uso no Brasil ? Eu usava o Clinical Global Impression (CGI) nos Estados Unidos.

Lucio F. M. Villaça

Portela, Obrigado por colocar como a discussão do mês a minha mensagem convidando ao debate sobre CLOZAPINA e EOSINOFILIA.  Infelizmente, não foi incluído na troca de experiência clinica a minha ultima mensagem, em que reporto um recuo na eosinofilia e uma discreta melhora clinica do paciente.

Desejaria corrigir o que disse leucopenia com agranulocitopenia. Eu quis dizer agranulocitose e, por desatenção minha no texto, digitei agranulocitopenia. Este termo nem existe nos dicionários médicos.

Continuo acompanhando o paciente e esta semana, ainda, teremos a fazer um novo hemograma. Estou mantendo o paciente em 200 mg / dia, mas na verdade, estou ficando um pouco mais confiante num aumento da dose, talvez para 300 mg. A família não parece entender a necessidade de ajustar a dose, neste momento. O pai, principalmente, acha que 200 mg é dose suficiente para segurar o paciente, na sua agitação, que estava deixando intranqüila a família. Eu, por outro lado, tento mostrar as vantagens de atingir os sintomas positivos e negativos da psicose.

Enfim, são os problemas de uso de um medicamento que, apesar de ser quase uma grande promessa para os pacientes esquizofrênicos resistentes, ganhou fama de ser altamente arriscado em termos de efeitos indesejáveis e até mesmo fatais...

Difícil explicar aos leigos estas coisas...

Lucio F. M. Villaça

DEBATE DO MÊS NA LBP – Atualidade de Minkowski

A grande coisa em ler Minkowski, é que ele é um filósofo-psiquiatra e escreveu uma das melhores obras da psiquiatria. Aliás, seu livro mais famoso é toda a psiquiatria, uma doutrina que se organiza em torno da esquizofrenia, seu centro de gravidade. A edição  francesa é ainda indispensável, pois, a precisão com que esta obra deve ser lida requer visita-la no original (os que se atrelam à tradução (?) espanhola ou castelhana que anda por aí se surpreenderiam). A largura, extensão e profundidade desta obra é algo que fascina pelas possibilidades que abre, incluindo as artes. Joseph Gabel estendeu os ensinamentos do mestre ao plano da sociedade, especificamente, das ideologias sociais. Leitura igualmente recomendada nestes dias do Apedeuta, onde tudo está bem claro.
Portela

Portela, Se não me falha a memória, "Le Temps Vécu", de Eugène Minkovsky, na linha de uma fenomenologia mais "reflexiva", mais além da mera descrição "elementarista" dos fenômenos psíquicos patológicos, desenvolve uma tentativa de localizar uma alteração fundamental nos quadros psicopatológicos principais:  Depressão e Esquizofrenia. Em seu estudo, apresentado no livro, Minkowski acompanhou um pequeno número de pacientes, dois ou tres se não me engano, por semanas a fio, muitas horas por dia, falando inclusive da sua enorme dificuldade em suportar esta angustiante experiência, em uma época prétricíclicos ou neurolépticos. Minkowsky fala da vivência de "parada do tempo imanente" na Depressão, postulando ser esta a " vivência fundamental"  deste estado. Já na Esquizofrenia, ele descreveu uma "hipertrofia do Espaço", subsequente a uma básica deficiência no "tempo vivido". Leitura fundamental, concordo contigo, enquanto existirem livros, Psiquiatras e Psiquiatria.

Grande abraço,

Flavio Joseph

Portela e Flavio, Existem importantes diferenças culturais nas concepções do tempo e do espaço. No entanto, é possível perceber as alterações fundamentais e distingui-las. A perda da conexão temporal e da noção do espaço relacional humano, transformado em espaço solipsista, torna precária a orientação espacial esquizofrênica. No exemplo ilustrado abaixo, do nosso hospital-dia, as caixas decoradas mostram que a caixa da direita - de um paciente esquizofrênico - foi peculiarmente decorada a partir de dentro.

Cláudio Lyra Bastos

Pois é. Minkowski parte de Morel, examina Bleuler e Kretschmer, dentre outros, considera a dialética da inserção do Self no mundo, o "ser-no-mundo" , e constrói com perfeição o sujeito da esquizofrenia. Sujeito hoje esquecido. Tal abordagem só foi possível na era que antecedeu os aps, e é interessante como o aparecimento de um recurso tecnológico inibe certos setores do saber, especificamente, as coordenadas de existência do sujeito. Creio que este é a grande contribuição de Minkowski, que deixa para a posteridade a filosofia (e o significado) da psiquiatria: a dialética do ser no mundo, a ruptura desta dialética, a perda da temporalidade em benefício da espacialidade (como vem estudando o CL), enfim, o pensamento reificado que daí decorre, que é o inevitável caráter esquizofrênico. Mas que me surpreende é como esta abordagem não somente se refere ao sujeito como também à sociedade. E como isto é claro no Brasil de hoje, um grande laboratório de psicopatoloigia social onde a compreensão não-dialética da realidade é candente no Congresso, na Presidência, na Educação, enfim, nessa Nova Ordem.
Portela

“CAUSOS” DA MEDICINA

(Contribuição do colega Cláudio Costa)

Quem conta um conto aumenta um ponto, reza o ditado ao qual recorro para me
eximir de quaisquer responsabilidades pelo que vem a seguir.

Dr. Maciel é legista da Delegacia Regional de Segurança Pública numa grande
cidade do interior de Minas, onde cumpre sua missão de emitir laudos cadavéricos, explicar causa-mortis, avaliar as lesões corporais, sua gravidade e suas sequelas, definir a consumação de estupros, descobrir tóxicos nos fluidos corporais, etc. Ao legista chega de tudo.

Num dos últimos jornais da AMMG ou do CRMMG (não me lembro bem), Dr. M. conta um episódio digno de ser aqui compartilhado.

Aconteceu o seguinte: chegou ao Instituto Médico Legal um tal sr. W., tomado de ansiedade, tão apressado que quase tropeçou nos degraus da portaria. Carregava um saco plástico, desses de supermercado. Seu rosto exprimia nojo e sua mão direita, guiada por um braço mais cabeludo do que o do Toni Ramos, mantinha o fardo o mais longe possível de si. Foi direto à recepção:

- Onde eu entrego este material?

- Que material, senhor?

- Isto aqui que encontrei no cemitério do distrito de Vila São Roque, aqui perto. Foi a polícia que mandou.

- Mas o que é isso?

- Como vou saber? Deve pesar uns 2 quilos, é meio mole e já está fedendo.

Levei ao posto da Polícia Militar mas eles nem quiseram abrir e me mandaram trazer pra cá. Disseram-me que corpos em decomposição têm de ser examinados no IML. Inclusive, enviaram um envelope com este documento.

Tratava-se de papel timbrado da Secretaria Estadual de Segurança Pública, intitulado: Requisição de Exame. O texto era bem formal:

"Encaminho ao Sr. Dr. Médico Legista do IML desta Comarca o material
recolhido no cemitério local. Solicitamos o competente exame, objetivando constatar se se trata de carne humana ou feto, estando o material da mesma forma como foi encontrado.
Nesta data, aguardo parecer."

O Dr. M. pediu que se esvaziasse o saco sobre uma mesa de granito claro, chamada de 'mesa de exame'. Cuidando para não receber respingo algum, quase dois passos distantes da mesa, o sr. W. desfez o do pacote e despejou tudo de uma vez.
Fim do suspense: ali jaziam vários exemplares de peixes podres, provavelmente comprados no supermercado uns dois dias. Talvez fossem traíras ou cascudos, muito comuns por aquelas bandas. O médico e seu ajudante dispararam em gargalhadas. O sr.
W. não se conteve e pôs-se a xingar a corporação policial do seu distrito, chamando-os de incompetentes e outros adjetivos impublicáveis.

Mas dever é dever, e carecia responder à Requisição: a documento oficial dá-se resposta oficial, justificou o médico, procedendo minuciosamente à autópsia das piabas (seria esta a espécia aquática?) e elaborou o seguinte laudo:

"Na forma da lei, faço emitir o seguinte Laudo Necroscópico:

1. material enviado para exame em saco plástico onde se lê Supermercado Fome Zero;

2. odor fétido típico de material em decomposição;

3. composto de 15 exemplares adultos de Hyphessobrycon reticulatus ellis, vulgo lambari, peixes teleósteos caraciformes, da família dos caracídeos, medindo entre 5 e 12cm;

4. aparência compatível com óbito datado de 48h;

5. todos os exemplares exibem secção céfalo-caudal longitudinal mediana ventral, acompanhada de evisceração compatível com preparo para fritura;

6. guelras com acentuada hiperemia de esforço;

7. nadadeiras amputadas;

8. ferida perfurante na região periobicular, compatível com lesão por anzol.
Conclusão: Face às circunstâncias e ao achados, pode-se concluir, a priori, haver elementos suficientes para caracterização de lambaricídio doloso em  série, com premeditação (fritura), por meio insidioso (retirada do meio líquido) e por meio cruel (morte por asfixia). Agravante: ocultação de cadáver.

Solicita-se da autoridade policial as medidas cabíveis.

Com elevada estima e consideração, Dr. M."

CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA

 

XIV Jornada de Psiquiatria do Centro-Oeste

23 a 25 de agosto de 2007 – Brasília - DF

Programa

23 de agosto – Quinta-Feira

08:00/12:00h

Curso 01 - As Bases do Raciocínio Estatístico em Medicina Psiquiátrica

Ministrante: Fernando Portela Câmara – UFRJ/RJ

14:00/18:00h

Curso 02 - Classificação em Psiquiatria; CID-10 e DSM-IV-TR; - Diagnóstico Sindrômico e Diagnóstico Nosológico em Psiquiatria

Ministrante: Miguel Roberto Jorge – WPA/UNIFESP- SP

Curso 03 - Introdução à Terapia Cognitiva

Ministrante: Irismar Reis de Oliveira-UFBA/ BA

24 de agosto - Sexta-feira

08:00/12:00h

Curso 04 – Transtornos de Humor Bipolar

Ministrantes:

Rodrigo Machado-Vieira – NIMH/USA

Valentim Gentil - USP/SP

08:00/09:40h

Mesa de Interconsulta

Coordenadores - Maria Dilma Teodoro – FEPECS/DF e Claudia da Costa Guimarães COREME - HBDF/ DF

Palestrantes:

Bruno Fábregas – AMP/MG - Exames laboratoriais em Psiquiatria

Danusa Ayache – UFMS/MS - Alterações de personalidade no Lupus

Marcos Gebara – APERJ/RJ - Neuroimagem em Psiquiatria

Mercedes Alves - AAP/MG - Transtornos Mentais Prevalentes em uma Unidade de Tratamento de Queimados

10:10/11:20h

 

Mesa de Transtorno Alimentar

Coordenadores – Elias Abdalla – IML/DF e Rômulo Santos Costa/DF

Palestrantes:

João Eduardo M. Vilela - ABPB/MG - Fatores de risco para Transtorno Alimentar

Irismar Reis de Oliveira – UFBA/BA - Terapia Cognitiva - apresentação de caso

Kalil Duailibi – UNISA/SP – Comorbidades nos Tratamentos Alimentares

11:50/13:20h – Simpósio Servier

Tema: Nova Abordagem no Tratamento da Depressão - O primeiro antidepressivo melatoninérgico.

Por que um novo antidepressivo?

Depressão e o ritmo circadiano

Eficácia antidepressiva 

Benefícios sobre o ritmo sono-vigília

Benefícios adicionais  e tolerabilidade

Coordenador: Antônio Geraldo da Silva – IPAGE/DF

Palestrantes:

Irismar Reis de Oliveira – UFBA/BA

Marcio Versiani – UFRJ/RJ

Ricardo Moreno – USP/SP

13:30/15:30h

Forum – Políticas em Saúde Mental

Coordenador – Miguel Roberto Jorge – WPA/UNIFESP- SP

Debatedor – Emmanuel Fortes – CFM

Palestrantes:

João Dummar/CE – Reforma do Modelo Psiquiátrico e Sistema Penitenciário

Josimar França/ABP – Diretrizes para um Modelo de Assistência Integral em Saúde Mental no Brasil

Valentim Gentil/USP – A Efetividade como Objetivo de uma Política Responsável de Saúde Mental

Antônio Geraldo da Silva/APBr – A Política de Saúde Mental e a desassistência Psiquiátrica

Encontro com Especialista

Como eu trato Alcoolismo, Dependência Química e Suicídio.

Coordenadores Jony Afonso Domingues/MS e Jorge Salim Risk/DF

Especialistas:

João Carlos Dias - ABP

Eduardo Sá – STJ/DF

Jussane Cabral Mendonça – COREME-HSVP/ DF

Hiltanice Medeiros – HRAN/DF

Juberty de Souza – UFMS/MS

Isabel Peters – DPF/DF

16:00/17:30h

Mesa de Transtornos de Ansiedade

CoordenadoresDênio Lima – UnB/DF e Maria Alice Toledo – UnB/DF

Palestrantes:

João Alberto Carvalho - ABP – Diagnóstico das Fobias

Luiz Alberto Hetem  - ABP – Atualidades em Transtorno de Ansiedade Social

Pedro Lima – PUC/RS – Tratamento dos Transtornos de Ansiedade

João Carlos Dias - ABP – Transtornos de Ansiedade e Dependência Química

Encontro com Especialista

Como eu trato Depressão e Transtorno de Humor Bipolar

Coordenadores - Abrão Marcos Silva – UGG/GO e João Alberto O. Campos – UFG/GO

Especialistas:

Dóris Moreno – USP/SP

Ricardo Moreno – USP/SP

Wanderly Campos – UFG/GO

Delcir Antonio da Costa – FASEH/MG

Rodrigo Machado-Vieira – NIMH/USA

17:40/19:10h - Simpósio Janssen

Tema: Ciclo de Vida em TDAH

Coordenador: a definir

Palestrantes:

Dr. Marco Romano/MG

Dr. Pedro Lima – PUC/RS

25 de agosto - Sábado

08:00/12:30h - Curso 05 – Esquizofrenia – Part. 1

Ministrantes: Ângela Terzian – UFMT/MT, Antônio Geraldo da Silva - APBr - DF, Geder Grohs – UFSC/SC, Hélio Helkis – USP/SP, Itiro Shirakawa – UNIFESP/SP, Jose Reinaldo do Amaral – UFG/GO, Mauricio Viotti – UFMG/MG, Miguel Adib Adad - ABP

08:00/09:30h – fórum – Ética, Legislação e Políticas Públicas de Saúde

Coordenador – Rubens Santos e Silva – CRM/RN

Palestrantes:

Emmanuel Fortes – CRM/AL – A Psiquiatria e as Fronteiras Interprofissionais

Paulo César Geraldes – CRM/RJ – O Prontuário Médico e a sua importância legal

Salomão Rodrigues Filho – CRM/GO – Modalidades de Internação e Lei

Juberty Antônio de Souza – CRM/MS – Laudo Pericial Psiquiátrico X Laudo Pericial Psicológico

10:00/10:40h – Conferência Internacional

Tema: Novos Tratamentos para os Transtornos de Humor: Neuroplasticidade como alvo.
Conferencista: Rodrigo Machado-Vieira – NIMH/USA

11:00/12:30h – Mesa de Transtorno de Humor Bipolar

Coordenadores – Luiz Carlos de Oliveira/TO e João Eli de Oliveira/MA

Palestrantes:

Rodrigo Machado-Vieira – NIMH/USA - Marcadores Biológicos nos Transtornos de Humor: Panorama atual e perspectivas.

Doris Moreno – USP/SP – Epidemiologia do TB e Psicopatologia de Formas Atípicas

Delcir Antonio Costa – FASEH/MG - Bipolaridade e Criatividade - será que criam mais?

Ricardo Moreno – USP/SP - Tratamento de Espectro Bipolar

12:40/14:10h – Simpósio Janssen

Tema: Esquizofrenia

Coordenador: a definir

Palestrantes: a definir

14:10/17:40h - Curso 05 – Esquizofrenia – Part. 2

Ministrantes: Ângela TerzianUFMT/MT, Antônio Geraldo da Silva - APBr/DF, Geder GrohsUFSC/SC, Hélio Helkis – USP/SP, Itiro ShirakawaUNIFESP/SP, Jose Reinaldo do Amaral – UFG/GO, Mauricio ViottiUFMG/MG, Miguel Adib Adad - ABP

14:30/15:10h - Conferência Nacional

Tema: Conceito e Tratamento da Esquizofrenia Refratária

Conferencista: Hélio Helkis – USP/SP

15:30/17:00h – Mesa de Depressão

Coordenadores - João Alberto de O. Campos - UFG/GO e Antonio Siqueira Junior/DF

Palestrantes:

Érico da Costa – FASEH-FIOCRUZ/ MG – Tratamento da Depressão em idosos

Fabio L. Rocha – IPSEMG/MG - Abordagem da Depressão Refratária

Rodrigo Machado-Vieira – NIMH/USA – Resposta Antidepressiva Rápida e Novos Paradigmas no Tratamento da Depressão

Hirtys Cavalcante/AL – A mulher e a dor.

17h30 – Happy-Hour

OPINIÃO

“Sabemos que o amor incipiente com freqüência é percebido como o próprio ódio, e que o amor, se se lhe nega satisfação, pode, com facilidade, ser parcialmente convertido em ódio; os poetas nos dizem que nos mais tempestuosos estádios do amor os dois sentimentos opostos podem subsistir lada a lado, por algum tempo, ainda que em rivalidade recíproca. Mas a coexistência crônica de amor e ódio, ambos dirigidos para a mesma pessoa e ambos com o mesmo elevadíssimo grau de intensidade, não podem deixar de assombrar-nos. Seria de esperar que o amor apaixonado tivesse, há muito tempo atrás, conquistado o ódio ou por ele [ter] sido absorvido. E, com efeito, uma tal sobrevivência protelada dos dois opostos só é possível sob condições psicológicas bastantes peculiares e com a cooperação do estado de coisas presentes no inconsciente. O amor não conseguiu extinguir o ódio, mas apenas reprimi-lo no inconsciente; e no inconsciente o ódio, protegido do perigo de ser destruído pelas operações do consciente, é capaz de persistir e, até mesmo crescer. Em tais circunstâncias, o amor consciente alcança, via de regra, mediante uma reação, um sobremodo elevado grau de intensidade, de maneira a ficar suficientemente forte para a eterna tarefa de manter sob repressão o oponente. A condição necessária para a ocorrência de um estado de coisas tão estranho na vida erótica de uma pessoa parece ser que, numa idade realmente precoce, em algum lugar no período pré-histórico de sua infância, ambos os opostos ter-se-iam separado e um deles, habitualmente o ódio, teria sido reprimido.”

Sigmund Freud.

HOMENAGEM

 

O Bicho

 

Manoel Bandeira


Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

 

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

 

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


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