![]() ![]() Volume 11 - 2006 Editor: Giovanni Torello |
Outubro de 2006 - Vol.11 - Nº 10 France - Brasil- Psy Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui sommes-nous?) France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de "psychiatry on line"oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de "psychiatry on line"offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection de sites 1. Sandor FERENCZI E A DIMENSÃO TERAPÊUTICA DA PSICANÁLISE «Terceira parte) Eliezer
de HOLLANDA CORDEIRO Escrevemos,
em France-Brasil-Psy de Setembro, (1) que toda a produção teórica e as inovações
técnicas de Ferenczi pretendiam tornar a psicanálise mais eficiente do
ponto de vista terapêutico e, ao mesmo tempo, exprimiam
uma insatisfação relativa à sua experiência analítica com Freud. Em todo
o caso, sua análise, realizada entre 1914 e 1916, foi muito curta,
“entrecortada”, marcada por
interrupções relacionadas com as permissões que ele obtinha dos superiores
militares para ir a Viena e retomar as sessões interrompidas.Foi uma análise
impossivel, em primeiro lugar porque Ferenczi pedia uma terapia; em seguida
porque a história do relacionamento pessoal entre os dois homens deu lugar a
importantes conflitos afetivos e doutrinários que eles não conseguiram superar. Com
efeito, muito cedo, a partir de 1910, polêmicas começaram a surgir sobre as
relações entre Freud e os seus discípulos: elas se caracterizariam notadamente pela dependência
do analisando e a falta de interesse de
Freud pelo aspecto terapêutico da psicanálise. Isto é perceptivel, por exemplo,
numa carta que ele enviou a Jung, em
22,12,1912 :« O senhor acusa-me de abusar da psicanálise para manter meus
alunos numa dependência infantil e de ser assim responsável pelas
condutas infantis que eles adotam comigo. Em Viena, a crítica que me
fazem é de não me ocupar suficientemente da análise de meus alunos” (2). Estas críticas foram também feitas por Sandor Ferenczi, hoje reconhecido como o mais
importante discípulo de Freud. Notemos que, durante vários anos, ele foi um fiel discípulo da ortodoxia
freudiana, zeloso defensor das teorias e da técnica em vigor,
como podemos notar em muitos
artigos e cartas que escreveu .Assim, em
1913, tendo sendo designado para combater as idéias de Jung, ele pronunciou uma notavel conferência:
“Critique de “Métamorphoses et symboles da la libido”(3); noutra ocasião,
criticou um trabalho de Jones por não haver nele encontrado, o
espírito psicanalítico autêntico (carta a Freud em 23 de Junho de 1914)(6);outro
exemplo: ao ler o manuscrito “Para
Introdizir o Narcissimo”que lhe enviou Freud,
respondeu: “Acabei de ler o Narcisismo e fiquei encantado com o mesmo. Há muito
tempo que uma leitura não me tinha dado tanto prazer. Mas devo também confessar-lhe que há anos, só consigo ler vossos escritos e
nada mais, e o senhor pode considerar esta franqueza como o signo da liberdade
interior, sem inibição, que começa a se desenvolver em mim”(6).Contudo, notemos
que na mesma carta, ele começou a reivindicar
certas idéias que havia esboçado antes de Freud, como o conceito de introjeção ou as manifestações
infantis todo-poderosas. O
processo que conduziu Ferenczi à autonomia intelectual acelerou-se a partir de
1914, data muito simbólica para ele: completou 40 anos de idade, começou uma análise
com Freud e casou-se. E, sobretudo, se colocarmos de lado o período correspondendo
à Primeira Guerra Mundial(1914-1918), sua produção
científica foi muitíssimo importante, notadamente os artigos sobre a técnica
psicanalítica: “Difficultés techniques d’une analyse d’hystérie”(1919), “Prolongements
de la technique active en psychanalyse”(1921), “Contre-indications de la
technique active en psychanalyse”(1926), sem esquecermos o enorme impacto no
movimento psicanalítico internacional da
contribuição de Ferenczi ao trabalho redigido juntamente com Otto Rank :”Perspective
de la psychanalyse”(1924)(5). Neste último trabalho, Ferenczi e Rank tentaram
responder à questão : Como compreender e
resolver ao mesmo tempo as dificuldades teóricas e práticas que eles
encontravam, como tantos outros analistas ? Eles notaram : "Contrastando
com o rápido desenvolvimento da teoria psicanalítica, a literatura [...] negligenciou
de maneira singular o fator técnico e terapêutico [...] Poderíamos
pensar que a técnica não tivesse mudado durante esse tempo, tanto mais que
Freud, como sabemos, sempre mostrou-se bastante reservado neste domínio [...]. Finalemente, achamos necessário [...] comunicar nossa experiência, a maneira como praticamos a psicanálise
atualmente, o que isto significa para
nós. Podemos então compreender as razões
das dificuldades que surgem em toda parte, e que esperamos remediar »(5). Para entendermos
o conflito em questão, resumamos as principais críticas feitas
a Freud por Ferenczi: “seu desinteresse pelo aspecto terapêutico da
psicanálise; sua repugnância pelos
psicóticos, perversos e tudo o que era anormal”;a aplicação
sistemática da técnica da frustração e a rigidez do dispositivo
psicanalítico; a excessiva importância dada à pedagogia e o insuficiente aprofundamento
das análises; a incapacidade de Freud a tornar
os pacientes e alunos independentes; “a concepção freudiana do complexo de
Édipo,somente destinada aos outros,
donde uma auto-análise superficial”; “a decepção de Freud ao descobrir que os histéricos mentiam”, que o
levou “a tornar-se um pesquisador
científico materialista, indiferente ao
aspecto emocional da psicanálise, só abordando-a de maneira intelectual”; enfim,
Ferenczi considerava que a “técnica freudiana suscitava uma transferência
paternal excessiva, desencadeando um comportamento de dependência ou de desafio nos analisandos”(7). Ninguém
melhor do que Ferenczi explicou as profundas razões desse desentendimento, como
na célebre carta escrita
em 17/01/1930 (citada por J. Dupont), (7): (...)“Na relação entre o senhor e
eu, existiu (pelo menos em mim) um emaranhado
de diferentes conflitos, de emoções e de posições. Primeiro o senhor foi
meu mestre venerado e meu modelo inatingível(...)Depois o senhor
tornou-se meu analista, porém ciscunstâncias desfavoráveis impediram-me
de continuar a minha análise até o fim. O que eu mais senti foi que, durante a
análise, o senhor não tivesse percebido em mim e conduzido à abreação,os
sentimentos e fantasias negativos, transferidos de maneira parcial.Sabemos
que nenhum analisando, mesmo eu com
tantos anos de experiência adquirida com outros, não poderia fazer isto
sem ajuda.Desta forma, foi-me necessário fazer uma auto-análise muito
dolorosa, efetuada posteriormente, de maneira metódica.Naturalmente(...) foi-me
necessário abandonar minha posição um tanto adolescente
e dar-me conta de que não devia depender completamente
de seu favor, isto é, que eu não devia superestimar minha importância para
consigo.” Um emaranhado de diferentes
conflitos, de emoções e de posições, escreveu Ferenczi, tres anos de morrer,
ao falar das divergências que surgiram entre ele e Freud.Ao ler as cartas
que escreveram, podemos formular várias hipóteses sobre as origens dos
conflitos entre os dois homens. É possivel que as posições de Freud tivessem sido determinadas
por motivos inconscientes não analisados. Existe também a possibilidade
de que Freud tivesse agido
por interesses “políticos” que levaram-no a privilegiar a causa
psicanalítica, sua perenidade e a formação de discípulos capazes de
perpetuarem as descobertas sobre o inconsciente. Não esqueçamos também as causas
culturais dos conflitos entre os dois homens, como nos mostraram Renato MEZAN(8) e Anna Verônica MAUTNER(9). O
primeiro, em "Do auto-erotismo ao
objeto: a simbolização segundo Ferenczi", escreveu:« convém
situar Ferenczi em seu contexto, pois a época em que viveu - entre 1873 e 1933
- já não nos é familiar »(…)Ferenczi era um neurologista aberto às formas
alternativas em geral e já havia se envolvido com o espiritismo e com certas
seitas orientais, visando sempre a diminuição da dor psíquica ». Anna Verônica MAUTNER,
por sua vez, insistiu
sobre a dimensao cultural: “A psicanálise “não se instalou
na Hungria apenas como uma prática e como teoria. A Psicanálise se instalou inteira na cultura, ela se fez
cultura. (…)A Budapeste do começo do século era uma cidade pequena, a burguesia
praticamente se conhecia e o cliente quase nunca era um desconhecido. Dessa
forma o compromisso com a cura era parte da vida do médico, mesmo que
fosse um psicanalista, e não um clínico geral. Numa cidade pequena, na
verdade, todos se conhecem e a responsabilidade de curar aumenta (…)
Freud se caracterizava pela exigência do pensamento científico e por
isso a visão do sofrimento era uma coisa natural, ou seja, admitia-se
que o mal-estar existe (…) Já Ferenczi era o otimista, o esperançoso, não
achava o sofrimento natural e queria curar o mal-estar. Ferenczi queria curar, Freud privilegiava a
pesquisa. Isto indica uma
diferença ideológica que vai influir no que eles realizam e como
realizam ». Assim,
Freud não cedeu à demanda de Ferenczi porque sempre considerou que a psicanálise não
era uma psicoterapia, termo
que comporta a noção de tratamento,que ela não se destinava a curar doenças, como
indica aliás a etimologia da palavra. Ele foi para Ferenczi “somente” um analista, analisândo-lhe
os sonhos, interpretando-lhe as
associações de idéias e as resistências, insistindo sobre a dimensão edipiana
da transferência, sem pretender curá-lo.Ora,Ferenczi
queria curar os pacientes e curar-se, donde sua grande
confiança nas modificações técnicas, nos desenvolvimentos teóricos e nas
adaptações do quadro analítico por ele feitas. O que S. Freud nunca deve
ter imaginado, foi a capacidade de resistência de
Ferenczi, que, com o correr dos anos,
começou a criticá-lo em suas cartas, o que nunca fizera antes.Ele falava
de suas descobertas clínicas, dos artigos onde inventou as noções de técnica ativa, elasticidade
da cura, análise mútua, transe, relaxação... Ele pretendia que suas
inovações aumentavam as chances terapêuticas da psicanálise. Em 1932,
ele escreveu a Freud: «em meus esforços para desenvolver uma análise mais
profunda e eficaz… fui levado não somente a impor complementos, mas também
correções às nossas posições práticas, e em certos lugares também teóricas”(7).Para ele,a psicanálise não tinha outra razão de ser, a cura
era a sua finalidade, e o próprio
processo terapêutico era o melhor caminho para penetrar os recantos
mais profundos do psiquismo humano. Em várias
ocasiões, Ferenczi defendeu este ponto de vista, mostrou-se direto: “Eu não
compartilho a opinião segundo a qual o processo terapêutico poderia ser desleixado,não
teria importância, que poderíamos
deixá-lo de lado por nos parecer menos interessante. Eu também me senti ”cheio”
de falar nisso, mas sobrepujei este movimento e posso informá-lo com alegria
que é precisamente por aí que toda uma série de problemas aparecem de maneira
mais evidente, mais nítida, talvez até mesmo o problema do recalcamento”,
disse a FREUD(7).FERENCZI mostrou-se até muito veemente, como na carta em que acusou
Freud “de se desinteressar pelo
aspecto terapêutico da psicanálise. É verdade que esta carta dolorosa,
recriminatória, escrita no crepúsculo de sua vida, exprime todas as frustrações
e ressentimentos de FERENCZI com relação ao mestre. O conflito
entre os dois homens foi crescendo, Freud chegou a criticar o furor sanandi de FERENCZI, sua prática inteiramente
centrada na idéia de cura, após haver recebido a carta em que Ferenczi esceveu(10/10/1931): «Antes de tudo, sou um empírico…Minhas idéias são sempre ligadas às vicissitudes
do tratamento dos doentes, nelas encontrando-se sua recusação ou confirmação”(7). Freud insistiu, desta
vez criticando a técnica do beijo que seu discípulo teria praticado com uma paciente, ironizando “sobre as consequências deploráveis para o
movimento psicanalítico, no caso em que houvesse
um desenvolvimento eventual dessa técnica” (carta de 13/12/1931) (7). FERRENCZI
respondeu, magoado, deprimido, cheio de culpabilidade: (...) “Minha teoria
ativa, extremamente ascética,era
certamente uma precaução contra tendências deste gênero. Foi por isso
que ela adquiriu, por causa de seu exagero,um caráter
compulsivo. Desde que eu percebi isso, relaxei a rigidêz das interdições e
frustrações que eu me impus ( a mim e aos outros). Agora, creio ser capaz de criar
uma atmosfera indulgente e desapaixonada, de maneira a desvendar inclusive o
que estava até então escondido. Entretanto, como temo os perigos tanto quanto o senhor, devo levar
em conta, como fiz no passado, suas advertências e repreensões, e esforçar-me
para criticar-me severamente(...)Uma vez sobrepujada a dor ligada ao tom de
nossa correspondência, exprimo a esperança de que nosso entendimento pessoal e
científico não venha a ser perturbado por essas peripécias(...).Com meus votos
afetuosos de um bom Ano Novo, vosso FERENCZI”(7). Nessa
troca de cartas, escreveram os tradutores, podemos ler de maneira explícita e
implícita, as
divergências entre FREUD e FERENCZI nos últimos anos de suas relações, mas
também as marcas da profunda amizade que
impediram que as divergências entre eles não se transformassem em
hostilidade(7, pg 46). Será que todas essas
modificações feitas por FERENCZI produziram
melhores resultados terapêuticos do que as psicanálises praticadas por FREUD e
seus primeiros discípulos? Nem sempre, reconheceu FERENCZI, que abandonou muito
rápido a análise ativa e um dos seus aspectos, a análise mútua,reconhecendo
também os limites da abreação dos
afetos recalcados. Bernard AURIOL (10),
escreveu que “os
psicanalistas de todas as escolas defendem
a idéia de que a psicanálise não é uma terapia, seja para destacar este aspecto,seja para zombar de sua ineficiência. Mas todos estão de acordo para
distinguir o método freudiano de uma verdadeira terapia”.(...)Por
conseguinte não se pode utilisar a psicanálise com a finalidade principal e
mesmo única de aliviar o sofrimento, atenuar ou suprimir sintomas,
retomar ume estado “normal”, se limitasse a restituir o estado anterior do
sujeito”.Sobre a eficiência da psicanálise, Daniel WIDLÖCHER (14) considera
que, se ela “não trata os sintomas de uma neurose, ela ajuda a pessoa a
melhor se conhecer, a desenvolver uma personalidade dotada de uma maior liberdade
para pensar, sentir, o que é uma
vantagem para o equilíbrio de sua vida (...) A psicanálise pode melhorar os
sintomas mas isto supõe uma longa terapia”. “O dogma
esconde-se na clínica “subjetiva” da mesma maneira que
a fantasia se deixa entrever no discurso que se diz científico”,
escreveu J.B.PONTALIS(12). O mesmo PONTALIS,
em várias ocasiões, falou sobre a questão da cura psicanalítica, “uma
idéia incurável”, como tão bem escreveu
num artigo que tivemos a oportunidade de
comentar em France-Brasil-Psy(“Os limites do analisável”)(12). Numa entrevista
dada a Psychologies Magazine”(13) , cuja
tradução propomos nesta edição – ele disse que “certas terapias como o rebirth
(renascimento) propõem às pessoas de « renascer completamente »,
« transformar-se ».Ora, eu penso que, mesmo se mudamos, nós
não renascemos. Existe também a fantasia de cura :
queremos curar, livrarmo-nos definitivamente dos sintomas. Mas
esse termo é médico. Se a medicina procura trazer-nos ao estado anterior
à doença, a análise não tem por finalidade levar-nos ao estado precedendo o
aparecimento da neurose. Ela é, ao contrário expectativa e esperança de
um novo estado. Isto dito, não estou de acordo com aqueles que, numa
certa época, defenderam a idéia de que « la guérison vient de
surcroît », a cura vem por acréscimo. Temos aqui uma péssima
compreensão da palavra de LACAN. Ele queria dizer que a análise não
tem por objetivo principal a cura do paciente, o que também não
significa que devamos negligenciá-la ». POSTERIDADE
DE FERENCZI A obra de
FERENCZI está tendo bastante sucesso entre os analistas francófonos, sobretudo
depois da publicação da totalidade de seus escritos na França: Obras
Completas(4 volumes), Correspondência com FREUD (3 volumes) e o Jornal Clínico.
Procura-se assim descobrir pistas para elaborar soluções diante dos problemas relaciondas como o
aparecimento de patologias mais pesadas. Pierre SABOURIN, em « Pardon
mutuel, succès final», cita a passagem de um artigo de Johannes CREMERIUS, onde
pode ser lida uma lista dos autores que procuraram em Ferenczi, matéria para a
construção de seus próprios trabalhos. Esses autores, ajunta Cremerius, têm em
comum haverem extraído idéias de Ferenczi mas sem
citar o nome dele. Cremerius cita, entre outros, os nomes de Winnicott Mahler,
Little, Masud Khan, Spitz, Nacht, Kohut, Searles, Sullivan, Fromm-Reichmann,
Rosen, Moreno, Fairbairn e Gunthrip ! (A seguir). 1)Eliezer de Hollanda Cordeiro:
“Sandor FERENCZI, L’ENFANT TERRIBLE DE LA PSYCHANALYSE” (Segunda parte),POLBr, Setembro, 2006. 2)Sigmund FREUD: “Correspondance (1873-1939)”,
Traduction française par Anne BERMAN et Jean-Pierre GROSSEIN, Editions
Gallimard, Paris,1960. 3) Sandor
FERENCZI :
Critique de “Métamorphoses et symboles da la libido,in in « Œuvres
complètes, Tome II: 1913-1919 », Traduction française: J. DUPONT e PH.
GARNIER, , collaboration du Docteur Ph. GARNIER, Payot, Paris, 1970. 4) Sandor FERENCZI : « La technique
Psychanalytique », in « Œuvres
complètes, Tome II: 1913-1919 », Traduction française: J. DUPONT e PH.
GARNIER, , collaboration du Docteur Ph. GARNIER, Payot, Paris, 1970. 5) Sandor FERENCZI et Otto RANK: ”Perspective de la psychanalyse”, in
Oeuvres complètes de Sandr FERENCZI, Tome III, traduction française por J.
DUPONT e M. VILIKER, Payot, Paris, 1982.
6) SIGMUND FREUD-Sandor
FERENCZY, Correspondance 1908-1914, traduction
française par l’équipe du Coq Héron,CALMANN-LEVY, Tome I, Paris, 1992. 7)Judith DUPONT : « Introduction au Journal
Clinique de Sandor FERENCZI », traduit par l’équipe du Coq Héron : :
Suzane ACHACHE-WIZNITZER, Judith DUPONT, Suzanne HOMMEL, G. KASSAÏ, Pierre
SABOURIN, Françoise SAMSON, Bernard THIS.s Editions Payot, Paris, 1985. 8) Renato Mezan, em "Do auto-erotismo ao objeto: a simbolização
segundo Ferenczi, Revista
Percurso n. 10, em 1993, São Paulo, Instituto Sedes Sapientiae. 9) Anna
Verônica MAUTNER(6) in "FERENCZI: História,
Teoria, Técnica" , (Chaim KATZ, org.) São Paulo,
Ed. 34, 1996 10) Bernard AURIOL :
Conférence donnée à l'Université du Temps Libre, (UTLB,
Tarbes, 6 Novembre 1992 ; publié in Parcours, 7-8,
pp.279-285, 10 93) 11))Sandor FERENCZI : « Journal
Clinique », traduit par l’équipe du Coq Héron : : Suzane
ACHACHE-WIZNITZER, Judith DUPONT, Suzanne HOMMEL, G. KASSAÏ, Pierre SABOURIN,
Françoise SAMSON, Bernard THIS.s Editions Payot, Paris, 1985. 12) .J.B. Pontalis : « Une idée
incurable », in Nouvelle Revue de Psychanalyse, Gallimard, Paris, 1978. 13)
Jean-Bertrand PONTALIS,
entrevista com Pascale SENK,
em “Psychologies Magazine”. 14)Daniel
Widlocher: Sciences et Avenir, Paris, Février 1997. 15) Pierre
Sabourin: “Pardon mutuel,succès final”, in Journal
Clinique de Sandor Ferenczi, traduction française par l’équipe du Coq Héron,
Payot, Paris, 1985. ENTREVISTA DE J.B.
PONTALIS para a revista
PSYCHOLOGIES Magazine Pascale Senk Tradução : Eliezer
de Hollanda Cordeiro
« Mudar é, antes de tudo, mudar de ponto de vista ». Dialogar com Jean- Bertrand PONTALIS é um privilégio. Palavra
simples, generosa, aberta : este psicanalista excepcional passa em
revista conosco, a sua experiência de clínico e seu percurso pessoal. O
percurso de um pioneiro, para quem a mudança é antes de tudo movimento. Pascale Senk O que pode dizer sobre a mudança, um dos maiores psicanalistas
contemporâneos ? Aos 80 anos, no momento em que ele publica “Le Dormeur
éveillé”(O Dorminhoco despertado)-ensaio ao mesmo tempo autobiográfico, poético
e analítico-nós interrogamos aquele que é chamado « J.B. » nos
meios da edição da psicanálise, Jean-Bertrand Pontalis, sobre o tema da
evolução interior. Ele escreveu a partir de sua própria experiência, a de um
iconoclasta sedento de liberdade que, embora haja se tornado uma referência nos
domínios que são os seus (filosofia, literatura, psicanálise), soube
libertar-se de seus mestres e evitar , por sua vez, fabricar discípulos.
Aqui será questão de « pensamento sonhoso », de ousar ir na direção
do desconhecido, da movimentação. Psychologies : alguns psicanalistas
repetem : « Mesmo após uma análise, não podemos mudar mas somente
« viver com quem somos ». O senhor é da mesma opinião ? Jean-Bertrand Pontalis : Se eu não acreditasse na mudança, eu não
faria esta profissão- se é que podemos chamar isto uma profissão- de
psicanalista. Se eu lhe dissesse: “ Não se pode mudar nada no mundo
interno e na vida real duma pessoa », que seia uma análise ? Isto
dito, há no indivíduo, como na sociedade, fortes resistências à mudança :
alguém vem me ver com a idéia de que sua vida não vai bem, que ele quer
mudar, e ao mesmo tempo, ele repete que ele é assim mesmo, ou me diz : « é
o meu caráter», falando quase como se fosse um caractere de imprensa que
não se pudesse modificar… Existe pois ao mesmo tempo desejo de mudança e
resistências ao mesmo. Numa de suas cartas de juventude, Freud escreveu esta
superba palavra : « Os pacientes agarram-se frequentemente muito mais
às suas neuroses do que a eles mesmos ». Porque às vezes, o sofrimento, é
a melhor companhia que possamos ter…Todo o trabalho da psicanálise consiste em
tentar vencer estas resistências e levar, não a uma mudança radical, brutal,
como aquele que evoca “La Métamorphose” de Kafka, mas a uma forma que vai
restabelecer o movimento. Aliás, prefiro o termo movimento ao termo
mudança, que tem sempre um sentido um pouco brutal. « Mudança » me
faz lembrar certas injunções : « Deixe de ser assim ! »Já é
tempo de mudares ! Psychologies : Mas nossa época tem sede
de mudanças radicais… J.-B. Pontalis:Sim. Certas terapias como o rebirth (renascimento)
propõem « renascer completamente », « transformar-se ».Ora, eu
penso que, mesmo se mudamos, nós não renascemos. Existe também a fantasia de
« cura »: queremos « curar », livrarmo-nos definitivamente
dos sintomas. Ora, esse termo é médico. Se a medicina procura trazer-nos
ao estado anterior à doença, a análise não tem por finalidade levar-nos ao
estado precedendo o apareciemnto da neurose. Ela é, ao contrário expectativa
e esperança de um novo estado. Isto dito, não estou de acordo com
aqueles que, numa certa época, defenderam a idéia de que « la guérison
vient de surcroît », a cura vem por acréscimo. Temos aqui
uma péssima compreensão da palavra de Lacan. Ele queria dizer que a análise não
tem por « objetivo principal »a cura do paciente, o que
também não significa que devamos negligenciá-la … Psychologies : Que evolução podemos
então desejar ? J.-B. Pontalis:Cada um tem uma certa imagem de si. Sua própria
história, suas próprias palavras são como um código que permite a compreensão
de si mesmo e dos outros. Cada um possue a sua própria « teoria de
si ». Frequentemente, pelo menos nas primeiras entrevistas, futuros
pacientes dizem que suas dificuldades de viver vêm da educação que receberam,
ou de um acontecimento que, de maneira excessiva, costuma-se chamar
um traumatismo. Pouco a apouco, a análise vai permitir a evolução
dessa representação de si, especialmente graças a uma modificação da
imagem de seus pais e do casal que eles formavam. Um paciente
que pensava que seus pais não tinham uma vida sexual satisfatória descobre que
ele é « um filho do amor ». Mudar, pois, é antes de tudo mudar de
ponto de vista : sobre si, sobre os outros… E esta mutação, que leva a
perceber o mundo de outra maneira, permite de viver nele de modo
diferente. As mudanças internas ressoam sempre no exterior.
Psychologies : De que modo, como
analista, o senhor percebe essas evoluções ? J.-B. Pontalis : a neurose é como um huis clos
(recinto com a porta fechada à chave), no qual encerrâmo-nos com cadeias
que impedem-nos o movimento.Ao longo da cura, podemos constatar uma libertação
da memória, da palavra e da percepção... A capacidade a deixar a palavra
exprimir-se livremente, a deixá-la divagar, « delirar », no sentido de
« sair do seu leito », torna-se muito maior. Como também aumenta a
facilidade a não querer tudo controlar, a admitir cada vez mais um
« pensamento sonhante », e não somente ancorado ao real. Podemos
observar mudanças internas, nesta aptidão a deixar-se levar pelo
desconhecido… Em análisse como na vida, a vontade de controlar-se e de
controlar os outros é o principal obstáculo à mudança. Psychologies : O que é que resta inalterável,
finalmente, em cada um de nós ? J.-B. Pontalis : No “Le Dormeur éveillé” (O dorminhoco
acordado), escreví um texto comentando a fotografia de um menino. Este menino
na praia, que eu disse« estar com o olhar perdido » em direção do
horizonte, sou eu, aos 9 anos, pouco tempo depois da morte de meu pai. Lembro-me
que na época, eu sonhava frequentemente que ele reaparecia, vivente e
incógnito, disfarçado em mendigo. Eu era o único a reconhecê-lo. Dizêndo-lhe
isso, dou-me conta de que um dos meus livros chama-se “Um homem desaparece”
(Gallimard, 1998), um outro “Perder de vista”(Gallimard, 1999)… Eis aí, tudo o
que ocorreu ulteriomente em minha vida está certamente ligado a este
acontecimento inicial. Por exemplo, quando realizo que multipliquei
atividades : edição, filosofia, psicanálise, digo-me que, no fundo,
eu talvez tenha feito tudo isso para jamais ser completamente abandonado.
Também para que eu nunca abandone nada.Há certamente em mim, como em todos, um
sentimento forte e determinante da perda, que é tratada de maneira
diferente ao longo da vida e segundo a idade, mas que permanece. A cada um de
encontrar a trama que influi ainda no que ele é hoje. Psychologies : Cada um tem uma maneira
singular de reagir e de se construir após as primeiras separações ? J.-B. Pontalis : Sim. Podemos ter, por exemplo, dois
pacientes muito diferentes: um que viveu a ausência da mãe como um abandono,
mesmo se ela tivesse somente ido ao quarto vizinho. O outro, ao contrário, fixou-se no tempo bendito do
retorno da mãe. Um se fixou no « Estou abandonado » ; o outro no: «
Ela sempre volta. » Na análise, poderemos também ver o mesmo paciente passar de
uma dessas fixações a outra ».Uma das finalidades da análise, é de
transfomar a perda, vivida como definitiva, em ausência: a mãe pode
ausentar-se, mas ela resta presente em mim. Psychologies : O senhor
escreveu : “Se separar de si: tarefa tão dolorosa quanto inelutável e
mesmo necessária para quem não pretenda ficar no mesmo lugar e tenha o
desejo de avançar, de expor-se ao que,não sendo eu, tem chances de vir a ser.” Será isso, mudar verdadeiramente? J.-B. Pontalis: Sim, é ir além do que já se conhece sobre
si. Foi o que sempre procurei. Antes de tornar-me psicanalsita, eu era
professor de filosofia. Um dia– eu tinha 29 anos –, uma aluna me disse: « Seus
cursos são bons, mas tenho a impressão de que o senhor não acredita muito
no que diz ». No momento, isto não me tocou muito, porém realisei
mais tarde que ela dizia a verdade : eu dominava a linguagem, o discurso, mas
eu não habitava minhas palavras.Eu precisava antes de tudo libertar-me dos
mestres, especialmente Sartre que, embora generoso, era por demais
esmagador…Separando-me de Sartre, depois de Lacan, a cada vez desprendi-me
do que eu era naquele momento e dos conceitos que me
sustentavam ? Como você sabe, podemos também encontrarmo-nos
fechados dentro dos conceitos.Levei muito tempo antes de me reconhecer
verdadeiramente em minha palavra, no que eu escrevia.Assim, cada um precisa
resgatar-se das diferentes identificações que balizam sua vida.É isso
mesmo, ser vivente : tentar não ficar imóvel, detido numa certa idade, numa
posição, mas também ser capaz de navegar, de dar idas e voltas nas diferentes
épocas de sua vida : reencontrar a criança em si, sua parte de feminidade, sua
revolta adolescente … Então, todas as idades encaixam-se, como nos sonhos, onde
um elemento da véspera e lembranças dos primeiros anos se misturam. O
importante é que isto se movimente. Eliezer
de Hollanda Cordeiro I)Michel
SCHNEIDER recidiva ![]() Michel Schneider é um desses psicanalistas que
não se pode categorizar com facilidade.Psiquiatra, psicanalista, alto
funcionário do governo, muito tempo membro da Assoication Psychanalytique de
France, durante anos secretário da famosa revista dirigida por J.-B. Pontalis,
La Nouvelle Revue de Psychanalyse, escritor e autor de vários livros sobre
música e cinema, ele é um iconoclasta, um atípico num universo propício ao suivismo
e ao pensamento único. Por duas vezes, tivemos a ocasião de traduzir,
resumir e apresentar trabalhos de Michel Schneider. Assim, na POLBr de Dezembro
2003,traduzimos uma boa parte do livro escrito por Michel Schneider e Antoine
Compagnon: “Economia e mercado da psicanálise na França„. Antoine Compagnon e Michel Schneider
precisaram suas intenções: (...) « Nosso projeto é político, e nós
somos conscientes de seus limites ». No capítulo intitulado : “L”Economie
dans la cure”, os autores são perfeitamente conscientes de que abordar o
problema do dinheiro na cura é falar de outra coisa, significa também outra
coisa. Mas ajuntam, imediatamente: “quando se fala de dinheiro na cura, é de
dinheiro que se fala”. E, após denunciarem o silêncio dos analistas sobre este
assunto, eles tentam uma avaliação do custo de uma cura psicanalítica. Com
efeito, (...) “A cura é um desejo que se paga, e o paciente vai consagrar-lhe
uma fração substancial de sua renda ou de seu patrimônio ». Em seguida, na edição da POLBr de Novembro 2003, apresentamos o
livro : “Big Mother, Psychopathologie de la vie politique ».Nele,
Michel Schneider procura demonstrar que as idéias politicas dominantes exprimem a
ausência simbólica do pai. Donde a tendência dos homens políticos a escutar a
sociedade como uma mâe os seus filhos. De fato, os homens politicos, como todos
os homens, não escapam à psicopatologia: alguns são atraídos pelo dinheiro
sujo, outros exprimem ódio e ambições desmedidas, muitos querem ser amados e
reconhecidos custe o que custar... « A política é de ponta a ponta animada
pelo Inconsciente ». O autor reconhece os riscos de utilisar a psicanálise para abordar a
política. Mas ele lembra que Freud fêz assim, quando escreveu que
« A teoria do inconsciente psíquico pode tornar-se indispensável a
todas as ciências que se preocupam com a ordem social “. Big Mother é um livro admirável, de uma grande erudição, escrito por um
psicanalista inspirado, cuja inteligência nos ajuda a melhor compreender o
funcionamento psíquico daqueles que nos governam. Em seu último livro, « Marilyn, últimas sessões », Michel
Schneider explica o tema de seu trabalho : ele sempre estudou as relações
entre a psicanálise e o cinema. E foi assim que descobriu, em suas pesquisas, a
história de Marilyn Monroe e de seu último psicanalista, Ralph Greenson, que tratou muitos atores de Hollywood. Autor de um
« Tratado técnico e prático da psicanálise», Greenson ele começou a tratar Marilyn em 1960,
parecendo haver esquecido tudo o que ele havia escrito sobre a técnica
psicanalítica : frequência e duração das sessões, tocar ou não o corpo do
analisando, como administrar a transferência e a contra-transferência, etc.. O livro retraça esta análise
peculiar, que se terminou com o suicídio de Marilyn. O autor prefeiru escrever
uma narração romanceada, na qual personagens, datas e endereços são
verídicos, mas onde os episódios
se sucedem de tal maneira que a narração se trasmuta em tragédia : a
da funesta trajetória de uma existência
em perdição, de uma psicoterapia analítica impossivel, de uma folie à
deux : « Marilyn Monroe é uma personalidade borderline, não
delirante ; Ralph Greenson é um neurótico narcísico. Contudo, juntos, eles
perderam o senso dos limites », disse Schneider. II) NÃO À CONFUSÃO
ENTRE DOENTES MENTAIS E DELINQÜENTE Em Mediscoop deste mês- que retoma um
artigo do Jonal Libération- li que os responsáveis de hospitais psiquiátricos, públicos
ou privados, associações de famílias e de doentes mentais, pediram que o governo
retirasse o projeto de lei sobre a
prevenção da delinquência, atualmente
discutido no Senado.Notadamente os artigos se referindo às regras de hospitalisação
dos doentes mentais. O profissional declarou notadamente :
« Este texto foi elaborado em condições bastante problemáticas,
inscrevendo-se num projeto de lei contra a delinquência. Não houve nenhuma concertation,
nem com os profissionais da saúde,nem com as pessoas concernées interessadas
». Por sua vez, Jean-Claude Pénochet, secretário
do Syndicat des psychiatres des
hôpitaux, disse entre outras coisas, que « sem contar o fato de que foi o ministro da Intérieur(Segurança pública) que
tomou medidas de ordem sanitária, e que,
ao contrário do ue tinham-nos dito, o ministro da Saúde não foi asociado ao
pojeto, as medidas propostas são terriveis. Deram um eixoaxe central à psiquiatria: não o de tratar, mas oi
de controlar liberdades e de regular conflitos sociais ». Seleção da « Lettre de
Psychiatrie Française » *Psychiatrie et folie
sociale Jean-Paul ARVEILLIER Eres-23 Euros *Le criminel
endurci : récidive et récidivistes du Moyen Age au XXème siècle Etudes réunies et
présentées par Françoise BRIEGEL, Michel PORET Droz-40,04 Euros *La folie au
naturel : le premier colloque de Bonneval comme moment décisif de
l’histoire de la psychiatrie Jacques CHAZAUD, Lucien
BONNAFE L’Hamattan-13 Euros *LACAN : y a-t-il une
philosophie de LACAN ? Jean-Pierre-CLERO Elipses- 7,50 Euros *Un peu de cocaïne pour me
délier la langue Sigmund FREUD Max Milo-10 Euros *La mort d’un
enfant : fin de vie de l’enfant, le deuil des proches Michel HANUS (sous la
direction) Vuibert-35 Euros *L’enfant, chef de la
famille : l’autorité de l’infantile Daniel MARCELLI LGF-6 Euros *La psychogériatrie Jean-Claude MONFORT PUF-8 Euros *L’être-là du
schizophrène : contribution à la méthode de structuration dynamique dans
les psychoses Gisela PANKOF Flammarion-8,50 Euros *L’aliénation mentale ou
la manie : traité médico-philosophique Philippe PINEL L’Harmattan-35 Euros *La vie inconsciente Théodule RIBOT L’Harmattan-19,50 Euros *Né de l’homme et de la
femme, l’enfant : chronique d’une structure Dolto Denis VASSE Seuil-24 Euros *Emmanuel LEVINAS Ed. Collège international
de philosophie PUF-12 Eur Seleção do « LE
JOURNAL DES PSYCHOLOGUES » *Les Cahiers du GRAPPAF Dossier :
« De S. FREUD au trauma africain » Diversos autores L’Harmattan, 2005 230 p., 20 euros *Bulletin de Psychologie Dossier ‘Psychopathologie
de l’agir: entre vulnérabilité et dangerosité » Diversos autores ISSN,Tome 59, 2006 22 euros *Révue de psychothérapie
psychanalytique de groupe Dossier : « La
groupalité et le travail de lien » Érès, 2005, 45 21 euros *La Lettre de l’enfance et
de l’adolescence Revue du GRAPE Dossier : «Encore
moi » Érès, 2005, 62 13 euros *La Revue française de
service social Dossier : »Travailleurs
sociaux sous contrôle ? Loi Perben et travail social » ANAS, 2005, 219 *SPIRALE Dossier : « La
vie avant la vie. L’anténatal ». Érès, 2005, 36 12 euros *Imaginaire et Inconscient Dossier : «Passer à
l’acte » L’Esprit du Temps, 2005,16 21 euros *Abstrac psychiatrie : www.impact-medecin.fr *La revue française de psychiatrie et de
psychologie medicale : www.mfgroupe.com *L’encephale:www.encephale.org *Les actualités en psychiatrie: www.vivactis-media.com *Neuropsy : www.neuropsy.fr *Nervure : rédaction: Hôpital
Sainte-Anne, 1 rue cabanis, 75014 paris. Téléphone: 01 45 65 83 09 fax. 01 45
65 87 40 *Neuronale (revista de neurologia do
comportamento) [email protected] *PSN :(psychiatrie, sciences
humaines, neurosciences) : rue de la convention, 75015 paris. Fax :
0156566566 *Psychiatrie française : [email protected] *Psydoc-broca.inserm.fr/cybersessions/cyber.html *Synapse : [email protected] *Evolution psychiatrique *Association française pour l’approche
integrative et eclectique en psychotherapie (afiep) *Association française de psychiatrie et
psychologie legales (afpp) *Association française de musicotherapie
(afm) *Association art et therapie *Association française de therapie comportementale
et cognitive (aftcc) *Association francophone de formation et
de recherche en therapie comportementale et Cognitive (afforthecc) *Association de langue française pour
l’etude du stress et du trauma (alfest) *Association de formation et de recherche
des cellules d’urgence medico-psychologique (aforcump) *Association nationale des hospitaliers
pharmaciens et psychiatres (anhpp) *Association scientifique des psychiatres
de secteur (asps) *Association commission des
hospitalisations psychiatriques france (cdhp france) *Association promotion defense de la
psychiatrie a l’hopital general (psyge) *Association karl popper *Association pour la fondation Henri Ey *Association internationale
d’ethno-psychanalyse (aiep) *Collectif de recherche analytique (cora) *Ecole parisienne de gestalt *Ecole française de sexologie *Ecole de la cause freudienne www.causefreudienne.org *Groupement d’études et de prevention du
suicide (geps) *Groupe de recherches sur l’autisme et le
polyhandicap (grap) *Groupe de recherches pour l’application
des concepts psychanalytiques a la psychose (grapp) *Regroupement national en psychiatrie
publique (renepp) *Société française de gérontologie *Société française de thérapie familiale
(sftf) Société francophone de medecine psychosoma *Société française de psychopathologie de
l’expression et d’art-therapie(sfpe) *Société française de recherche sur le
sommeil (sfrs) *Société française de relaxation
psychotherapique (sfrp) *Société française de sexologie clinique
(sfsc) *Société française de
psycho-oncologie/association psychologie et cancers *Société d’addictologie francophone *Société ericksonienne *Société de psychologie medicale et de
psychiatrie de liaison de langue française *Société médicale Balint *Union nationale des associations de
formation médicale continue (unaformec) *Union nationale des amis et familles de
malades mentaux (unafam) *Association Psychanalytique de France
(apf) *Société Psychanalytique de Paris (spp) *Ecole Freudienne de Paris *Mediagora:http://perso.wanadoo.fr/christine.couderc/ *Agoraphobie.com:http://www.agoraphobie.com/ *Sitesfrancophones:http://www.churouen.fr/ssf/pathol/etatanxiete.html *Distúrbios do
humor (afetivos) : www.depression.ch *Estados limites em psiquiatria:
tratamento (d. Marcelli): suicidio escuta - 24/24 http://suicide.ecoute.free.fr *Informações sobre o suicidio e as
situações de crise: http://www.suicideinfo.org/french *Centro de prevenção do suicidio: http://www.preventionsuicide.be *Associação alta ao
suicidio: http://www.stopsuicide.ch *Suicídio : http://www.chu-rouen.fr/ssf/anthrop/suicide.html *Drogas : http://www.drogues.gouv.fr/fr/index.html *S.o.s. Réseaux : http://www.sosreseaux.com/ *Ireb – Instituto de pesquisas cientificas
sobre às bebidas: http://www.ireb.com/ *Addica : addictions precarité Champagne
Ardenne : http://www.addica.org/ *Internet addiction : conceito de
dependência à internete: http://www.psyweb.net/addiction.htm *Estupefiantes e conduta automobilistica;
as proposições da sfta: http://www.sfta.org/commissions/ Coordination (coordenador):
Eliezer de HOLLANDA CORDEIRO ![]()
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