Volume 11 - 2006
Editor: Giovanni Torello

 

Maio de 2006 - Vol.11 - Nº 5

France - Brasil- Psy

SOMMAIRE (SUMÁRIO)

Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Sumário:

 

  1. PSICOTERAPIAS BREVES DE INSPIRAÇÃO PSICANALÍTICA OU PSICANÁLISE ? (Primeira parte)
    Eliezer de HOLLANDA CORDEIRO
  2. 2) A HIPNOSE ERICKSONIANA (Primeira parte)
    Hélène de HOLLANDA CORDEIRO
  3. ASSOCIAÇÔES

QUI SOMMES- NOUS (Quem somos)

QUEM SOMOS ?

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on line” oferecido aos profissionais do setor da saude mental de expressão lusofona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

QUI SOMMES- NOUS ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line” offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d'expression lusophone et française.Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de révues et d'associations, sélection de sites.


 

1. PSICOTERAPIAS BREVES DE INSPIRAÇÃO PSICANALÍTICA OU PSICANÁLISE ?(Primeira parte)

Eliezer de Hollanda Cordeiro

A paciente veio ver-me no consultório após um trabalho de 8 anos com um outro analista. Contou-me que nos dois primeiros anos da análise, as suas angústias- agorafobia, claustrofobia, crises de pânico, obsessões-fóbicas de desmaiar- atenuaram-se sobremaneira, de tal modo que ela havia retomado uma vida quase normal. Ela falava muito, preenchia os 40 minutos da sessão sem dificuldades, ajudada por uma intensa atividade onírica, constantemente interpretada pelo primeiro analista segundo os temas clássicos habituais : transferência, diversas configurações edipianas, experiências infantís, fantasmas originários. . . Os anos foram passando sem que ela obtivesse outros ganhos terapêuticos e, mais ainda, como se a análise tivesse se tornado para ela uma sorte de rotina, que logo se transformou na impressão de que o trabalho analítico marcava o passo, que as interpretações do analista já não lhe provocavam surpresas, nem novos insights, nem melhoras sintomáticas. Ao contrário, ela começou a desenvolver novos sintomas, sobretudo hipocondríacos e sexuais, -frigidez recalcitrante- relacionados com a história de seu casamento. Os novos sintomas foram também interpretados e a questão da fim da análise começou a ser abordada sem que a paciente pudesse tomar a decisão de terminá-la. A psicanálise tornara-se para ela uma necessidade, quase uma conduta adicta.

No último ano dessa longa experiência, a paciente regrediu muito, espantou o analista ao desenvolver novas obsessões, desta vez alimentares-medo de vomitar- voltou a falar de seu desejo de terminar a análise e findou propondo um compromisso ao analista : diminuir pouco a pocuo o número de sessões hebdomadárias, espaçá-las depois, uma estratégia que lhe permitisse cessar a análise vagarosamente, pois temia que uma parada brutal da análise pudesse causar-lhe consequências terríveis, psicológicas e fisiológicas, exatamente como se se tratasse do desmame brutal de uma paciente adicta.

No fim de nosso primeiro encontro, a paciente contou-me que perdera quase todos os benefícios terapêuticos que obtivera nos dois primeiros anos de sua análise, mas ganhara em criatividade, abandonara crenças religiosas irracionais e aprofundara o conhecimento de si mesma. Mas os sintomas iniciais ligados à angústia-fobias diversas, obsessões, receios hipocondríacos- continuaram complicando a sua vida e restringindo suas atividades sociais.

Como entender este percurso analítico que começara de maneira muito eficaz mas se terminara com a recaída da paciente e a produção de novos sintomas ? Tudo se passa como se a transferência inicial da paciente, marcada por intensos sentimentos positivos pelo seu terapeuta, fosse a razão da eficiência das interpretações do analista. Notemos que neste exemplo, a explicação psicanalítica de que certos pacientes, pelo efeito da transferência positiva e das resistências, realizam uma cura sintomática precoce ou uma fuga pela cura, não tem cabimento: a análise continuou durante seis anos após a atenuação inicial dos sintomas e foi durante este período que os sintomas voltaram e que outros se desenvolveram. Não teria havido tempo suficiente nesses seis anos para a análise do medo de abandono da paciente, de sua angústia de separação e de perda do analista, de sua dependência infantil, em suma de sua neurose de transferência ?

Donde a questão : não teria sido preferível que o analista, após o desapareciemento dos sintomas da paciente, tivesse se mostrado satisfeito com os resultados obtidos, se mostrasse mais « ativo » e estabelecesse uma data para o término do trabalho ? Por que a análise da paciente continuou ainda tantos anos, apesar do desasparecimento dos sintomas ? Donde também a interrogação : como explicar que a análise, que nos primeiros tempos da descoberta freudiana durava somente alguns meses, se transformasse com o tempo num tratamento longo e custoso. As vezes muitíssimo longo e custoso, até mesmo interminável ?

Com efeito, sabemos que os tratamentos praticados por Freud e seus primeiros discípulos foram curtos, de tal modo que podemos dizer que Freud foi o inventor, o pioneiro das terapias breves. Assim, Ernest JONES (2), em seu livro "The life and work of Sigmund Freud", conta que Freud curou Gustav MAHLER, que sofria de uma impotência sexual , em quatro horas! Na realidade, ele sofria também de uma « folie du doute » (da dúvida) que o obrigava a repetir tres vezes as coisas que fazia e encontrou S. FREUD após haver anulado as duas consultas precedentes. Mas veio ao terceiro encontro marcado, os dois homens passearam então pela cidade durante quatro horas, e FREUD, a partir de certas informações de MAHLER, segundo as quais a mãe dele chamava-se Maria, mostrou-lhe a dimensão edipiana que conduzira o compositor a recalcar parte do nome da esposa, que se chamava Alma Maria ! A parte recalcada por MAHLER fora o prenome materno !

Freud tratou também Dora (que sofria de problemas histéricos) em apenas 11 semanas, exatamente o mesmo tempo que ele levou para tratar o famosíssimo Homem dos ratos,que sofria de uma neurose obsessiva. Mais ainda, Freud fixou um termo à psicanálise do não menos famoso Homem dos Lobos, inaugurando assim uma das particularidades técnicas das psicoterapias analiticas breves ! Segundo Ernest JONES, os resultados foram bons.Por último, S. FREUD curou também, em seis sessões, uma paralisia do braço direito de Bruno WALTER, o grande chefe de orquestra, como escreveu Dominique MEGGLÉ (3).

Como explicar estes sucessos terapêuticos das psicoterapias breves praticadas pelo primeiros analistas? D.H. MALAN (1) emitiu a hipótese de que, «é provável que os primeiros analistas possuissem o segredo da terapia breve, sem dúvida porque a analista era muito ativo e prestava pouco atenção às resistências e à tranferência, (…) e que o trabalho era extremamente dramático, atingindo muitas vezes o seu ponto culminante pela confissão de uma experiência sexual traumática ».

Tais fracassos psicanalíticos estimularam sem dúvida S.FREUD a desenvolver novos conceitos que explicassem esses desfechos:a transferência e as resistências desenvolvidas pelos pacientes, a contra-transferância relacionada com o próprio analista, etc. Ajuntemos que a própria progressão do pensamento freudiano-marcada pela renúncia de certas teorias, pelo retorno a outras e pelo movimento dialético que deu à sua obra o vigor que conhecemos- caminhou no sentido de uma invenção de múltiplos conceitos que se tornariam causa e consequência da crescente complexidade da teoria e da prática psicanalíticas. As repercussões desta complexidade se traduziram na duração da cura, que se tornou cada vez mais longa, e na prevalência atribuida à dimensão individual da patologia, em detrimento da patologia da relação. Assim fazendo, a psicanálise aproximou-se da medicina e de sua tradição clínica de caráter estritamente individual (4).

Pouco a pouco, as características das psicoterapias breves praticadas pelos primeiros analistas desapareceram após 1914, e, desde 1920, « um pessimismo considerável surgiu a propósito da duração da psicanálise e da baixa de sua eficiência terapêutica, constatadas por vários colaboradores de Freud, que tentaram reagir a esta tendência » (1).

Foi o caso de Sandor FERENCZI, considerado o mais importante analista da primeira geração dos discípulos freudianos. Com efeito, Ferenczi publicou em 1919 um artigo intiulado : » Dificuldades técnicas de uma análise de histeria » (5), onde ele diz que teve de fixar um termo à análise, que cessara de progredir, esperando assim fornecer à paciente um motivo suficiente para trabalhar.Ele ajuntou, com a sua habitual franqueza e honestidade, que mesmo assim a paciente continuou com a sua inatividade habitual, as sessões sendo marcadas pelos vãos esforços de Ferenczi para mostrar o caráter transferencial das declarações de amor da paciente. Ele findou interrompendo o tratamento.

Daí por diante, Sandor FERENCZI(5) começou a escrever artigos onde ele desenvolvia as noções de técnica ativa, de elasticidade da cura, de análise mútua, preconizando também uma atitude do analista que poderíamos qualificar de maternal.Entre os artigos de Ferenczi que tratam dessas questões, destacamos: « Prolongamentos das técnicas ativas em psicanálise » (1921), « Fantasmas provocados »(1924), « Psicanálise dos hábitos sexuais »(1925), « Contra-indicações da técnica ativa em psicanálise »(1926).
(A seguir)

1) D.H. MALAN : « La psychothérapie brève », páginas 13-24, Payot, Paris, 1975.
2) Ernest JONES: "The life and work of Sigmund Freud",edited and abridged by Lionel TRILLING and Steven MARCUS, The Hogarth Press, London, 1961.
3) Dominique MEGGLE : Les thérapies brèves, Presses de la Renaissance, Paris, 2002.
4) J.J. LEMAIRE : Introduction aux thérapies familiales, Dialogues, N° 66, Editora Louis JEAN-GAP, Paris, 1979.
5) Sandor FERENCZI : Œuvres complètes, Tome III : 1919-1926, Payot, Paris, 1982. Completa

2. A HIPNOSE ERICKSONIANA (Primeira parte)
Hélène de HOLLANDA CORDEIRO
Tradução : Eliezer de Hollanda Cordeiro

O termo « hipnose » podendo engendrar confusão, começaremos tentando definir o que ele significa na prática éricksoniana.
Para tanto, torna-se necessário destacá-lo da clássica concepção da hipnose, que podemos facilmente compreender, como veremos mais tarde (ao imaginarmos uma sessão, de preferência pública, onde uma personagem carismática, misteriosa, pratica de maneira quase mágica, uma demonstração hipnótica num pobre diabo. Como se estivesse enfeitiçada, perdido seu contrôle voluntário, a cobaia ficava assim à mercê do hipnotisador e efetuava uma ação espetacular qualquer, demonstrando a influência que ele exercia nela).

Por outro lado, não devemos esquecer que Erickson era psiquiatra de formação; ora, o emprego mais conhecido da hipnose foi feito pelos grandes nomes da psiquiatria clássica, como Charcot (que tratava assim seus grandes casos de histeria) ou o próprio Freud (...).
Nós veremos que a prática éricksoniana se distingue de maneira nítida dos métodos clássicos, embora ela se situe, de uma certa forma, na continuação dos mesmos. Nosso objetivo não é de dar-vos um curso sobre a história da hipnose, mas simplesmente de apresentar-vos de maneira sucinta tres personagens -Mesmer, Braid et Bernheim- que embora não sejam os mais conhecidos podem permitir-nos talvez de melhor apreciar a singularidade do enfoque ericsoniano.

A ) OS PRECURSORES

1/ Franz Anton Mesmer (1734-1815)

Mesmer, médico vienense do fim do Século 18, foi um dos primeiros a utilisar a hipnose como procedimento terapêutico, postulando a idéia dum fluido universal, que ele comparava ao magnetismo mineral e animal, impossivel de ser captado pelos órgãos dos sentidos, e cuja má repartição dentro do corpo humano seria responsavel pelas doenças e bloqueios internos. Temos pois neste caso um enfoque muito particular da hipnose.
No decurso de suas sessões espetaculares (com uma encenação e uma bagagem de accessórios ritualisados: todos os pacientes eram ligados osentre eles por uma corda destinada a provocar a livre circulação do fluido, Mesmer tocando em cada um com uma haste de ferro articulada e magnetizada saindo de uma pia...), Mesmer provocava nos individuos estados e condutas até então interpretados como sobrenaturais (o que Mesmer denominou, « a crise magnética » ), oferecendo ao mesmo tempo uma alternativa física às concepções religiosas reinantes: a partir daí tornou-se possivel abordar de uma maneira técnica certas mudanças de conduta e de funcionamento psíquico, outrora atribuidos a ações de entidades espirituais.

Embora se reconhecesse nessas práticas virtudes curativas, a prática de Mesmer foi julgada pela corte de Louis XVI, «perigosa para os costumes », porque tecida com fortes componentes sexuais, e ele foi proibido de praticá-la. Contudo, ele poude mais tarde precisar e alargar seu método terapêutico: foi assim por exemplo que ele organizou terapêuticas de grupo, que apresentavam a vantagem de decuplicar a potência do fluido; ele abandonou ulteriormente os ímans e invocou o efeito de um fluido próprio ao operador, eficaz no processo da cura (este é um ponto importante, na medida em que Mesmer atribuiu um lugar central ao papel desempenhado pela implicação do hipnotisador no processo de cura do paciente).

O marquês de Puységur, discípulo de Mesmer, por sua vez colocou em evidência a capacidade de certas pessoas magnetisadas a agir e comunicar durante o estado magnético ; ele sublinhou também que, mergulhados neste estado, os indivíduos parecessem mais aptos para ter acesso a conhecimentos e aumentar suas capacidades (foi assim que ele nomeou este estado „sono lúcido").

2/ James Braid (1795-1860)

Esta teoria mesmeriana foi somente abandonada com os trabalhos do cirurgião escossês James Braid, a quem devemos o termo „hipnotismo"e a reintrodução dos fenômenos hipnóticos no campo da medicina, sem referir-se a uma teoria dos fluidos.

Braid estudou o fenômeno dito do « sono crítico », diferente do sono noturno normal, durante o qual pode-se observar fenômenos de anestesia, alucinação e sugestionabilidade.
Ele aplicou um método capaz de provocar tais estados, pedindo ao sujeito para fixar uma superficie brilhante e manter a sua atenção na mesma.
Braid provou assim que era o próprio individuo que mergulhava no estado de sono crítico, somente pelo seu poder de concentração, e não por intervenção do operador ou da circulação do fluido. Ele batizou então a sua prática „neuro-hipnotismo", depois „hipnotismo"e atribuiu o fenômeno hipnótico a uma impressão produzida sobre os centros nervosos. Ele compreendeu então que poderia utilizá-lo afim de tratar distúrbios funcionais geralmente incuráveis e obteve aliás resultados bem satisfatórios nos tiques dolorosos (ele aplicou seu método no que seria mais tarde denominado síndrome de Gilles de la Tourette), em paralisias, afasias, reumatismos, cefaléia, palpitações, doenças da pele,...etc.

Os trabalhos de Braid foram ampliados ² por Charcot na Salpêtrière de Paris, e por Liébeault e Bernheim na escola de Nancy.

3/ Hippolyte Bernheim (1840-1919)

Bernheim por sua vez, distanciou-se do hipnotismo, dedicando-se sobretudo aos fenômenos de sugestão, mencionados por Braid em seus estudos sobre o sono crítico.

Segundo Bernheim, os fenômenos não resultam de maneira obrigatória de um estado hipnótico provocado, mas constituem uma propriedade fisiológica cerebral através da qual o cérebro pode receber ou evocar idéias e tentar realisá-las. Podemos notar aqui que os fenômenos de sugestão são banalizados, na medida em que aparecem como fatos normais, presentes em todo comportamento humano.

Em De la suggestion (1916), Bernheim definiu a sugestão como tudo o que diz respeito aos « nossos instintos naturais, educação, exemplo, imitação, persuasão, sentimento, emoções, paixões, ilusões, erros, impressões, trazidos pelos nossos sentidos, excitações cerebrais pelo álcool, tóxicos, toxinas, impressões viscerais ... numa palavra, todo o nosso meio exterior e nosso meio interior »; finalmente, podemos dizer que para Bernheim, toda forma de relação é sugestão.

Se Bernheim realça as tendências ou propensões particulares em certas pessoas, que tornam-nas mais sensiveis à sugestão, (por exemplo: uma fé religiosa intensa ou paixões muito vivas),a diferença entre tais situações particulares e o estado habitual do indivíduo só pode ser colocada com relação à questão da sugestionabilidade, que resta uma propriedade psicofisiológica normal e natural.

Podemos reter alguns pontos interessantes sobre as diferentes concepções que acabamos de expor, começando pelo fato de que o estado hipnótico é um estado fisiológico e natural que permite ao indivíduo o acesso a um nivel de consciência superior ao que ele utilisa de maneira habitual, podendo engendrar modificações psicobiológicas tangíveis.

B ) A HIPNOSE HOJE

Vou dar agora um grande salto no tempo para evocar a maneira como a hipnose é atualmente praticada.

E preciso inicialmente saber-se que se a hipnose permitiu à psiquiatria dinâmica de elaborar um modelo do espírito humano baseado na diferenciação entre o ego consciente, e o ego subconsciente (= dotado do poder de percepção e de criação), sua utilização foi um tanto desprezada pelos médicos durante toda a primeira parte do século 20 : a hipnose era sobretudo criticada por colocar o paciente sob a dependência total do terapeuta (trata-se de uma crítica que continua sendo feita ainda hoje ).
Se a hipnose voltou à moda, Erickson contribuiu muito neste sentido.

1/ O FUNCIONAMENTO HIPNÓTICO MENTAL
Erickson nutriu a sua prática e construiu sua habilidade por meio de uma experiência pessoal na vida de todos os dias; foi precisamente essa experiência que inspirou-lhe a utilização tão particular da hipnose: para financiar seus estudos de medicina, Erickson trabalhou durante certo tempo como estagiário num jornal (cf P31).Este episódio marcou assim o encontro de Erickson com a auto-hipnose; desde então, ele jamais cessou de aprendê-la e experimentá-la até o momento em que o hospital proibiu-lhe a prática. Mas a interdição, em vez de freiar os ardores de Erickson, estimulou-lhe a imaginação e permitiu-lhe o desenvolvimento de uma prática disfarçada e pessoal da hipnose.

Antes disso, porém, com relação à teoria, Erickson muito aprendeu ao lado de Clark Hull, especialista da hipnose, com quem ele terminou brigando, após um desacordo radical sobre a maneira de conceber a hipnose : enquanto Hull, em sua qualidade de pesquisador puro e duro,estabeleceu um protocolo de indução hipnótica universal, válido para todos, Erickson considerava o transe hipnótico como um trabalho pessoal e específico a cada um,só podendo ser provocado em função de cada caso e que exprime um fenômeno da vida cotidiana,que Rossi, colaborador de Erickson, chamou « o transe comum de todos os dias ».
Com efeito, segundo Rossi, nós atravessamos um estado hipnótico aproximadamente todos os 90 minutos, um momento em que largaríamos a situação fóra de nós para absorvermo-nos dentro de nós. Talvez vocês reconheçam-se neste exemplo: de manhã você deixa o seu domicílio e vai de carro à faculdade, passando bastante tempo em engarrafamentos, sinais do trânsito e cruzamentos de ruas ; contudo, ao chegar à faculdade, você esqueceu o trajeto que acabou de percorrer…
Erickson fez nele mesmo a experiência de que o indivíduo é capaz de provocar um estado autohipnótico.

O estado hipnótico aparenta-se assim a um estado de devaneio, de distração, análogo ao estado do sono noturno paradoxal; ainda segundo Rossi, ele estaria relacionado com o ciclo ultradiano que ritma outros parâmetros fisiológicos.Com egeito, o estado hipnótico modifica o sistema nervoso vegetativo, desativa o sistema simpático em favor do parasimpático, relaxa o tônus muscular ou o reequilíbra (por exemplo, um paciente em hipnose pode conservar seu braço no ar durante muito tempo sem fatigar-se nem sofrer as desagradaveis sensações de formigamento…).

Nos planos perceptivo e psicológico,os fenômenos mais comuns se traduzem em modifações relativas ao tempo e ao espaço e numa atenção bastante seletiva: o espaço pode ser percebido como apertado ou dilatado, os barulhos exteriores ou a voz do terapeuta podem parecer longínquos , abafados ou pelo contrário mais fortes que na realidade; o tempo é frequentemente percebido como encurtado ou aumentado ( o sujeito pode ter a impressão que dez minutos somente se passaram quando na realidade a sessão durou duas horas...).
Ao contrário de Hull, Erickson sabia, por havê-lo experimentado pessoalmente, para que servi este estado: ele encarna uma capacidade criadora proveniente do interior da pessoa, que se exprime quando o contexto se lhe apresenta de maneira favoravel. O terapeuta está presente, num primeiro tempo, somente para facilitar os reencontros do paciente com um estado que ele conhece bem.Este varia de uma pesosa a outra, e na mesma pessoa, de um instante a outro, segundo suas necessidades, seus desejos, suas motivações atuais. Assim, a hipnose ericksoniena distingue-se das outras formas de hipnose por um ponto de vista capital, que faz dela uma comunicação com duplo sentido, à qual o sujeito participa de maneira ativa.

Resumindo a idéia principal de Erickson, podemos dizer que a hipnose exprime a singularidade da pessoa, vista como única uma concepção que Erickson verificou em milhares de sessões por ele praticadas). Podemos ajuntar, em oposição às teorias clássicas sobre a hipnose, que a prática ericksoniana não leva em conta as pessoas refratárias à mesma (= „não hipnotisáveis"); para ele, se a hipnose é uma questão de personalidade, será por conseguinte à técnica de indução hipnótica escolhida pelo terapeuta que o paciente pode se mostrar resistente ; incumbe assim ao terapeuta adaptar-se ao paciente : esta é a base da terapia ericksoniana.
(A seguir)

3. Associações

*Association française pour l'approche integrative et eclectique en psychotherapie (afiep)
*Association française de psychiatrie et psychologie legales (afpp)
*Association française de musicotherapie (afm)
*Association art et therapie
*Association française de therapie comportementale et cognitive (aftcc)
*Association francophone de formation et de recherche en therapie comportementale et Cognitive (afforthecc)
*Association de langue française pour l'etude du stress et du trauma (alfest)
*Association de formation et de recherche des cellules d'urgence medico-psychologique (aforcump)
*Association nationale des hospitaliers pharmaciens et psychiatres (anhpp)
*Association scientifique des psychiatres de secteur (asps)
*Association commission des hospitalisations psychiatriques france (cdhp france)
*Association promotion defense de la psychiatrie a l'hopital general (psyge)
*Association karl popper
*Association pour la fondation Henri Ey
*Association internationale d'ethno-psychanalyse (aiep)
*Collectif de recherche analytique (cora)
*Ecole parisienne de gestalt
*Ecole française de sexologie
*Ecole de la cause freudienne www.causefreudienne.org
*Groupement d'études et de prevention du suicide (geps)
*Groupe de recherches sur l'autisme et le polyhandicap (grap)
*Groupe de recherches pour l'application des concepts psychanalytiques a la psychose (grapp)
*Regroupement national en psychiatrie publique (renepp)
*Société française de gérontologie
*Société française de thérapie familiale (sftf)
* Société francophone de medecine psychosoma
*Société française de psychopathologie de l'expression et d'art-therapie(sfpe)
*Société française de recherche sur le sommeil (sfrs)
*Société française de relaxation psychotherapique (sfrp)
*Société française de sexologie clinique (sfsc)
*Société française de psycho-oncologie/association psychologie et cancers
*Société d'addictologie francophone
*Société ericksonienne
*Société de psychologie medicale et de psychiatrie de liaison de langue française
*Société médicale Balint
*Union nationale des associations de formation médicale continue (unaformec)
*Union nationale des amis et familles de malades mentaux (unafam)
*Association Psychanalytique de France (apf)
*Société Psychanalytique de Paris (spp)
*Ecole Freudienne de Paris
*Mediagora:http://perso.wanadoo.fr/christine.couderc/
*Agoraphobie.com:http://www.agoraphobie.com/
*Sitesfrancophones:http://www.churouen.fr/ssf/pathol/etatanxiete.html
*Distúrbios do humor (afetivos) : www.depression.ch
*Estados limites em psiquiatria: tratamento (d. Marcelli): suicidio escuta - 24/24 http://suicide.ecoute.free.fr
*Informações sobre o suicidio e as situações de crise: http://www.suicideinfo.org/french
*Centro de prevenção do suicidio: http://www.preventionsuicide.be
*Associação alta ao suicidio: http://www.stopsuicide.ch
*Suicídio : http://www.chu-rouen.fr/ssf/anthrop/suicide.html
*Drogas : http://www.drogues.gouv.fr/fr/index.html
*S.o.s. Réseaux : http://www.sosreseaux.com/
*Ireb - Instituto de pesquisas cientificas sobre às bebidas: http://www.ireb.com/
*Addica : addictions precarité Champagne Ardenne : http://www.addica.org/
*Internet addiction : conceito de dependência à internete: http://www.psyweb.net/addiction.htm
*Estupefiantes e conduta automobilistica; as proposições da sfta: http://www.sfta.org/commissions/
*stupefiantsetconduite.htm

Coordination (coordenador): Eliezer de HOLLANDA CORDEIRO [email protected]


TOP