Volume 11 - 2006 Editor: Giovanni Torello |
Novembro de 2006 - Vol.11 - Nº 11 Artigo do mês COMPORTAMENTOS AMEAÇADORES E VIOLENTOS DEVEM TER UM MANEJO SEGURO. (Threatening and
violent behaviors should have a safe management) Silvio Saidemberg* Summary: One common
belief is the assumption that through our recognition of patient’s needs and
also by a lot of empathic attention we will be stamping out the risk of the
worst violent behaviors. Skillful handling of patients should not preclude us
from recognizing that more should be done to prevent violence from patients
against other patients and staff members. One single occurrence may be too
tragic to be ignored as a possibility. Predicting, understanding and developing
reasonable interventions are a continuous exercise towards safety. Keywords:
prediction of threatening and violent behavior, violence and psychopathy,
violence in psychiatric patients. Sumário: Uma crença comum está no se assumir que através do nosso reconhecimento
das necessidades do paciente e também através de um bocado de atenção empática,
nós estaremos erradicando o risco dos piores comportamentos violentos. O manejo
habilidoso de pacientes não deveria impedir-nos de reconhecer que mais deveria
ser feito para prevenir violência de pacientes contra outros pacientes e membros
da equipe profissional. Uma única ocorrência pode ser demasiado trágica para
ser ignorada como uma possibilidade. Predizendo, compreendendo e desenvolvendo
intervenções razoáveis são um exercício contínuo na direção da segurança. Unitermos:
predição de comportamentos ameaçadores e violentos , violência e psicopatia
dentro de serviços hospitalares de saúde mental, violência em pacientes
psiquiátricos. INTRODUÇÃO Comportamentos ameaçadores ou violentos significam
qualquer ato físico ou verbal, ameaça ou comportamentos fisicamente violentos
que causam sofrimento físico ou emocional, ou dano material para outros ou para
a instituição. O conhecimento deste assunto é muito relevante para uma
estrutura de internação. Infelizmente, a crença que ataques pessoais somente
acontecem a outras pessoas pode deixar-nos vulneráveis. Poucos de nós acreditam
que nós iremos ser submetidos à violência e agressão”. Através da compreensão de como um atacante
comporta-se, podemos aprender a responder de tal forma a reduzir a agressão e a
violência que possam ser infligidas contra outros ou nós mesmos. Por tais
razões objetivamos neste trabalho: 1. Providenciar uma compreensão
abrangente dos fatores e gatilhos que possam precipitar e amplificar
comportamentos agressivos. 2.
Avaliar
situações potencialmente
perigosas. 3.
Através do
entendimento dos comportamentos do aggressor e da vítima, existe a esperança
que haverá desenvolviento de confiança com o uso de meios mais efetivos de
manejar e prevenir comportamento violento/agressivo. O
método utilizado aqui está baseado na revisão de
trabalhos na literatura psiquiátrica sobre o tema. Sumário de indícios e
atitudes que precisam ser revistas no preparo de equipes de atendimento na área
da saúde mental, principalmente no caso de pacientes internados. Atitudes e indícios que apesar de
aparentemente úteis devem ser continuamente investigados. Exemplo ilustrativo: Uma mulher com idade acima de 50 anos, com uma história de temperamento
violento desde a infância, apresentou um agravamento de suas explosões verbais
ao ponto de bater em seu marido. Como isto era um episódio recente, o marido procurou
aconselhamento. Ele relatou que enquanto estava dirigindo durante as suas
férias, riu de alguma coisa que a esposa considerava séria. As crianças do
casal estavam no assento traseiro. A resposta dela aos risos do marido foi
estapeá-lo na face. Ela não demonstrou
nenhum remorso pelo seu compiortamento violento contra o esposo, mesmo muito
depois da ocorrência. Cinco pontos importantes a serem observados nesta
situação foram sugeridos no aconselhamento: 1. O reconhecimento que a violência
não pode ser tolerada, seja ela verbal ou física. 2. A raiva fora de controle da esposa
deve ser efetivamente controlada para a proteção dos outros. 3. Toda pessoa sente-se enraivecida em
algum momento. Raiva pode ser desencadeada por muitas coisas, incluindo-se os
se sentir amedrontado e desamparado. 4. Suprimir raiva até que ela entre em
erupção é uma das causas de explosões violentas. 5. A esposa necessita ser ajudada a
expressar sua hostilidade de maneiras mais efetivas e construtivas, como aprendendo
a dizer umas poucas palavras selecionadas para defender o seu ponto de vista. Uma questão é inevitável quanto ao exemplo ilustrativo
acima: conhecendo a sua sensibilidade, não poderia o esposo evitar rir da
esposa? A raiva pode ainda ser dificil de
ser predita, compreendida ou conquistada através de intervenções razoáveis,
como as que acima foram sugeridas. Profissionais na área de saúde mental
necessitarão manejar comportamentos ameaçadores e violentos a despeito de
possuírem muito menos contato prévio com o paciente do que o marido do nosso
exemplo. Por outro lado, mesmo que um melhor manejo de emoções seja possível
por parte do paciente, convém avaliar se o paciente sente necessidade urgente
de aprender maneiras melhores para se expressar e, além disto, quanto tempo ele
leva para mudar sua maneira de reagir. AVALIAÇÃO DE VIOLÊNCIA: 1. Investigação de qualquer ameaça de
violência feita pelo paciente. 2. Estabelecer os 4 parâmetros
importantes: tipo de injúria, severidade de injúria, iminência de causar
injúria, probabilidade de injúria ser causada. 3. Determinar que ameaças são
provavelmente reais, baseando-se nos detalhes a respeito da ameaça. 4. História passada de violência, (o
fator de risco mais importante para violência futura). 5. Impulsividade, capacidade de
resistir a impulsos violentos, reação à violência, motivação para manter o autocontrole,
uso de álcool e drogas (um outro fator de risco maior para violência). 6.
Tentar
obter dados históricos a partir de outros membros da família. Passamos agora a relacionar os elementos para
avaliação do comportamento violento, que se divide em 4 níveis a) Avaliação do risco de comportamento violento: 1. Conhecimento direto prévio do
paciente, o paciente faz ameaça de violência, agressão verbal, o avaliador
sente-se ameaçado e o paciente causou destruição de propriedade são os
critérios mais importantes. Procedência étnica e gênero são as menos
importantes. [2] 2. Tem a pessoa uma história de
comportamento impulsivo, agressivo/violento? 3. Temos nós uma compreensão dos gatilhos
passados para aqueles comportamentos? 4. Estamos nós como membros da equipe
de tratamento a par daqueles gatilhos em cada novo paciente? 5. Estamos dispendendo tempo para
rever aqueles gatilhos e nos certificando que nossos companheiros de trabalho e
outros pacientes, naquele mesmo ambiente, sejam advertidos a respeito do
potencial de perda de controle da pessoa em questão? 6. Tem esta pessoa qualquer
preconceito contra os membros da equipe de tratamento ou outros pacientes? Está
sendo o preconceito apropriadamente identificado? 7. A pessoa se sente discriminada? 8. Existe uma história de trauma que o
paciente pode ou não revelar? 9. Existe alguma razão para o paciente
acreditar que, sendo verbalmente ou mesmo fisicamente abusivo para outros, isto
não trará qualquer conseqüência? 10. Está o paciente tão auto-destrutivo
a ponto de não se importar com as conseqüências? 11. Está o paciente inquieto, andando sem parar,
com sinais de irritabilidade? b) A
avaliação do risco de vitimização ao se lidar com pacientes violentos: 1. Confronta-se por hábito ou faz-se
afirmação contundente que revela a fragilidade da outra pessoa? 2. Usa o humor de uma forma muito
pessoal? 3. Ao negar uma solicitação, o faz de
forma não cuidadosa e não amável? 4. São os possíveis sentimentos
injuriados considerados e reconhecidos? 5. Após se negar a atender a uma
solicitação, quais são as ações substitutivas levadas em consideração? 6. Estamos cientes que reforços para
comportamentos podem não ser reforços em absoluto para os objetivos desejados?
O próprio conceito de reforço não tem nada a ver com o que é realmente
reforçador para outros. Nós podemos ser percebidos como manipuladores e
moralmente errados em nossa intenção de influir no comportamento do outro. 7.
A
aceitação para a ação substitutiva é cuidadosamente medida em termos de
satisfação? Nós refletimos aqueles sentimentos de frustração que são infligidos
quando se priva alguém de sua intenção original? Intencionamos o que dizemos? Estamos sendo realmente
empáticos? 8. No caso de recusa para a
substituição sugerida, é o paciente consultado a respeito de como vê opções e
escolhas? 9. Tem o paciente uma aliança com os
profissionais da equipe de tratamento para aceitar mudanças? 10. Algumas vezes o mau discernimento
de um paciente terá um impacto sobre a resposta raivosa: não importa o que é
feito ou proposto, nenhuma compreensão construtiva ocorrerá. 11. No caso de recusa para a
substituição sugerida, é o paciente consultado a respeito de como vê opções e
escolhas? 12. Tem o paciente uma aliança com os
profissionais da equipe de tratamento para aceitar mudanças? 13. Algumas vezes o mau discernimento de um
paciente terá um impacto sobre a resposta raivosa: não importa o que é feito ou
proposto, nenhuma compreensão construtiva ocorrerá. c) Circunstâncias que facilitam comportamentos
contrários e explosões:. 1.
Dor 2.
Cansaço. 3. Fome/Sede/outras necessidades fisiológicas. 4. Abstinência de drogas, incluindo-se cigarros e álcool. 5.
Medo/ suspeição. 6.
Irritabilidade. 7.
Sentir-se emocionalmente injuriado. 8.
Sentindo-se humilhado. 9. Tendo que esperar para que necessidades sejam satisfeitas. 10. Ser tratado psiquiatricamente contra o próprio desejo. 11. Percepção de que existe uma interação rude com os membros da equipe
profissional. 12. Percepção de que a equipe está fraturada e se ele não pode obter o que
deseja de um membro da equipe, ele o obterá de um outro. 13. Percepção de ser ridicularizado. A equipe tem que ser cuidadosa com
piadas e com risadas; memo que uma atmosfera leve deve ser criada com humor que
deve ser usado para aproximar pessoas. d) Medidas úteis que se contrapoem a comportamentos desregrados e
agressivos: 1. Manter atitude de respeito e de sensibilidade aos sentimentos dos
pacientes e membros da equipe. 2. Manter flexibilidade e comunicação com a equipe profissional para
estimular as mudanças necessárias do curso de ação sempre que possível ou
julgado necessário. 3. Ter uma estrutura hierárquica clara, com a liderança sendo cunsultada e
seguida. Trabalho profissional implica em tomada de responsabilidade como uma
conseqüência na tomada de decisão. Identifique comportamentos que implicam em:
“eu tomo todas as decisões e você assume toda a responsabilidade”. 4. No meio profissional, manobras passivo-agressivas têm de ser detectadas
e corrigidas, naturalmente, os profissionais desejam corrigir esses comportamentos
inadequados em seus pacientes. 5.
Evitar prometer qualquer coisa para o
paciente que pode não estar claramente dentro das regras da instituição, da
equipe de tratamento, dos regulamentos da saúde mental e da lei. Em momentos, o
que propomos parece ser adequado; contudo, tem o paciente capacidade de
entender nossa intenção? Em caso contrário, evita-se a proposta. 6. Faça o paciente sentir-se tão comfortável quanto possível, necessidades
básicas precisam ser satisfeitas. Em um hospital, restrições são muitas vezes
necessárias. A equipe deve apoiar as restrições que são essenciais e evitar ser
indulgente com o paciente para “prevenir a desaprovação/raiva do paciente”. 7. Peça para um paciente desconfortável para sentar-se sobre uma cadeira
confortável ou para deitar-se na cama, seja o que possa trazer alívio à medida
que necessidades são avaliadas. 8. Sempre que avaliarmos camas,
assentos e meio ambiente, nós temos que nos certificarmos que o máximo comforto
e considerações ergonômicas estão ocorrendo na escolha de mobiliário. 9. Muitos pacientes possuem dor
crônica; a idéia que mais conforto convidará os pacientes a permanecerem na
cama pertence à era do tratamento moral, quando a doença mental era vista como
resultado direto dos sete pecados capitais; a preguiça sendo um deles. 10. É desejável que os pacientes
assumam uma vida moral e saudável em um meio ambiente confortável e respeitoso.
11. Agir rapidamente quando qualquer
paciente estiver abusando verbalmente ou fisicamente de membros da equipe ou
outros pacientes: certifique-se que cada episódio seja cuidado
imediatamente. 12. Poderá ser necessária uma
intervenção de crise com a participação de mais de um membro da equipe de
tratamento. Contudo, o paciente poderá continuar a estar disposto em exagerar
comportamentos agressivos do que expressar sentimentos de forma apropriada. 13. Alguma medicação de uso ocasional
ou medicação imediata de uso oral deveria ser oferecida tão logo quanto o
transtorno do paciente é avaliado, existindo concordância que a ação agressiva
brota a partir do elevado nível de transtorno emocional que o paciente não
consegue manejar de forma resolutiva. 14. Um quarto no qual o paciente pode
permanecer em repouso pode ser oferecido como uma alternativa, se for muito
perturbador para o paciente comunicar sentimentos/necessidades ou para lidar
com as regras de expressão social aceitável. 15. Um quarto de isolamento deve ser
oferecido quando um nível mais alto de consideração sobre segurança necessita
ser levado em conta. 16. Restrição física é assegurada
quando o risco de violência e auto-injúria é muito elevado. Restrição física e
medicamentos de apliçação imediata por via intramuscular devem ser propostos
depois que as abordagens menos invasivas falharem. 17. Mecanismos de adaptação deveriam ser revistos com o paciente depois que
a crise se acalma. 18. Revisão de medicamentos terá lugar para melhorar a resposta em todos
aqueles casos onde a explosões de sentimentos não são passíveis de serem
controlados de outra maneira. Contudo a equipe de tratamento não deve esperar
milagres de medicamentos, particularmente quando um paciente tem atitudes
profundamente arraigadas que glorificam violência e abuso cometido contra
outros. Em tais casos um paciente pode necessitar ser transferido para uma
instituição de segurança máxima ou para um programa de tratamento de longo
curso que irá lidar com o comportamento violento. Ação legal contra o agressor
deve ser considerada à discreção das vítimas e de acordo com a severidade do
ataque. Em todos os casos devemos ter
sempre em consideração que é sempre melhor se discutir com o paciente que está
perdendo o controle a necessidade de sedação. Na maioria das vezes isto é
possível, e freqüentemente a decisão recai sobre o uso de medicação oral
para ficar clara a participação do paciente no processo de recuperação do
controle. CONCLUSÃO A avaliação
do risco de comportamentos, avaliação do risco de ser vitima, identificação de
circnstâncias que possam facilitar comportamentos agressivos e um conjunto de
medidas úteis para se contrapor a
comportamentos descontrolados ou agressivos são práticas que necessitam ser
desenvolvidas e pesquisadas mais profundamente em todos os programas de saúde
mental. Provavelmente isto não é feito de uma forma mais intensa, devido à
presunção que a proficiência profissional
naqueles programas será suficiente. Provavelmente não será. LEITURAS RECOMENDADAS: •
Dolan, Mairead and Doyle, Michael- Violence risk prediction:
Clinical and actuarial measures and the role of the Psychopathy Checklist, Br.
J. Psychiatry, Oct 2000; 177: 303 - 311. •
Haim, Rachel, Rabinowitz, Jonathan, Lereya, Joseph, and Fennig,
Shmuel - Predictions Made by Psychiatrists and Psychiatric Nurses of Violence
by Patients, Psychiatric Serv 53:622-624, May 2002. •
Raja, Michele and Azzoni, Antonella - Hostility and violence of
acute psychiatric inpatients, Clinical Practice and Epidemiology in
Mental Health •
Szmukler, G. Violence risk prediction in practice, The
British Journal of Psychiatry (2001) 178: 84-85. •
Van Buren, Abigail – Wife’s outbursts of temper escalate to
physical assault, Express - Oct 19, *Silvio
Saidemberg, M.D. is the Medical Director of the Behavioral Health Services of
Aspirus Wausau General Hospital, Traduzido e adaptado de “Threatening and
violent behaviors should have a safe management” em http://searchwarp.com/swa107864.htm , acessado em
19.11.2006 |
TOP |