Volume 9 - 2004
Editor: Giovanni Torello

 

Agosto de 2004 - Vol.9 - Nº 8

Psicanálise em debate

Notas sobre a Adolescência

Sérgio Telles

1 - Habitualmente se fala sobre os riscos que ameaçam o adolescente e entre eles estão, certamente, a delinqüência, o comportamento associal, o uso de drogas, a psicose, o suicídio, o mal uso da sexualidade, etc. Acho melhor, entretanto, abordar as causas destes riscos, ou seja, a própria condição do adolescente. Parece-me importante falar como a psicanálise entende a adolescência.

Para tanto vou começar com uma definição de adolescência feita por Moujan, um psicanalista argentino. Diz ele:

“A adolescência é estado confusional transitório criado pela amplidão dos processos de luto e do polimorfismo zonal libidinal e agressivo, que leva a uma crise de identidade que estabelece uma luta estimuladora do pensamento lógico formal, das funções discriminadoras e sintéticas do ego e protetoras do superego, chegando ao estabelecimento de novos vínculos objetais mais reais pela elaboração das fantasias pré-edipianas e edipianas”.

É uma definição bastante complexa, que abrange muitos aspectos da teoria psicanalítica. Vou esmiuçar estes conceitos, enfatizando a constituição do sujeito humano.

2 - Comecemos pela questão do “estado confusional transitório” do adolescente. Isso significa que ele está confuso, sem saber exatamente quem é. Está numa “crise de identidade” decorrente dos processos de luto que atravessa. Falamos em luto quando o sujeito sofre perdas e passa necessariamente por um processo depressivo para reorganizar-se frente a esta situação.

Pode parecer paradoxal falar que o adolescente está atravessando um severo processo de luto, que está em depressão, quando nos acostumamos a ver sua imagem, especialmente aquela veiculada pela mídia, como plena de alegria, extremamente expansiva, mostrada que é como exemplo de vigor, de força, de vitalidade. Não se pode negar que o adolescente tem todos estes atributos e que muitas vezes se apresentem assim. O que essa imagem não mostra é que - ao lado disso - o adolescente está sofrendo, pois debaixo daquela exuberância e estuante agitação, há uma outra face perplexa frente aos processos e transformações que nele ocorrem.

Internamente, secretamente ele sofre, pois tudo o que ele era até então, já não é mais.

Esta situação é a base do que se convencionou chamar de a crise do adolescente e de seu problema de identidade. O adolescente tinha organizado parcial e temporariamente uma identidade que lhe tinha servido durante toda a infância e o período de latência. Agora tudo isso é irremediavelmente questionado.

Dizemos que o adolescente perdeu sua identidade infantil. Mas o que é mesmo a identidade? A identidade é uma idéia integradora, totalizadora da própria pessoa, percebida, negada ou deformada por seu ego. Na adolescência, o ego percebe uma ruptura de continuidade (tempo interno, pensamento diferente, mente estranha), ruptura da unidade (o próprio self) e mesmidade (relações com a comunidade). O adolescente se apercebe com um corpo estranho, com novos impulsos e sensações. Seu esquema corporal não mais corresponde ao que usava até então. Ele se percebe com pensamentos diferentes, com idéias, metas, projetos e vê que os outros o olham com novos olhos.

Vê-se então que ele perdeu sua identidade infantil, sua imagem corporal, seus objetos amorosos. Tem de refazer uma nova identidade, tem de abdicar do amor exclusivo para com os pais e dirigir-se para o amor fora de casa

Esta situação é muito dolorosa, muitas vezes leva a um desespero. Na tentativa de preencher o vazio causado pela perda da identidade antiga, vale qualquer coisa para ter uma nova identidade. É como se o ego sofresse uma sangria, com a perda das antigas identidades e faz, na adolescência, sucessivas transfusões, assimilando pseudo-identidades até reorganizar e estabilizar aquela identidade que representará sua pessoa para si mesmo e para os outros.

O adolescente se identifica temporariamente com as mais variadas pessoas, aspectos que não são inteiramente assimilados e elaborados em seu ego, são tentativas provisórias, estas pseudo-identidades. Às vezes apresenta identidades negativas, assumindo tudo aquilo que é negado ou proibido por seu grupo familiar ou social.

O adolescente está, em trabalho de luto, por causa das mudanças e perdas em seu mundo interno e mundo externo. Ele perdeu as identificações infantis. Sua mente está modificada, assim como seu corpo. Seu ambiente social o vê de outra forma e expressa expectativas a seu respeito até então inexistentes.. Há um luto pelo corpo infantil (puberdade), um luto pela bissexualidade e pela forma de pensar (adolescência mediana: 15-17 anos) e um luto pelos papéis sociais (adolescência tardia).Na esfera cognitiva, o adolescente sente que seu pensamento concreto perde força e importância frente ao aparecimento do pensamento lógico-formal, que lhe possibilita planejar o futuro, fazer previsões, raciocinar.

Os inimigos do luto, aquilo que dificulta seu processamento e superação, são o ressentimento, o excessivo ódio em relação às figuras paternas (protesto), o medo (desespero), o triunfo maníaco (onipotência) e relações narcísicas.

3 - Vemos então que o adolescente perdeu sua antiga identidade e procura organizar uma nova. Isso levanta a questão de como alguém forma uma identidade, ou seja, como alguém se constitui como sujeito.

Quando se fala em constituição do sujeito, estamos partindo de um pressuposto básico da psicanálise, que é a de que o sujeito humano não é “natural”, não é um ser natural, como os animais. O homem é um ser cultural, da linguagem.

O pressuposto básico da cultura, em qualquer agrupamento humano, é a interdição do incesto. Daí vamos ver a extraordinária importância da sexualidade na compreensão do mundo trazida pela psicanálise, pois ela faz duas grandes mudanças na visão do mundo: a primeira é a descoberta do inconsciente (o psiquismo não é só o consciente), a segunda é a abertura do conceito de sexualidade, agora não mais entendida como mera atividade procriadora, que aparece na adolescência, e sim uma modalidade de relacionamento humano, presente desde os primeiros momentos da vida.

O sujeito humano, ao contrário dos outros animais, não nasce geneticamente programado, com comportamentos pré-estabelecidos, instintivos. O ser humano se constitui através de identificações com aquelas pessoas mais próximas e amadas por ele, especialmente aquelas da primeira infância, ou seja, os pais. O ser humano vai introjetando aspectos, maneiras, formas de ser, sentimentos e características destas pessoas queridas e vai, com isso organizando seu próprio aparelho psíquico.

Uma das maiores evidências disso se manifesta justamente na sexualidade. Para os animais o sexo biológico é o dado mais fundamental. O macho, por exemplo, tem pênis e testículos e tem um comportamento característico deste sexo. Já com o ser humano é diferente: o sexo biológico não coincide necessariamente com o sexo psicológico. Tudo dependerá das identificações.

A identidade - esse poder dizer “eu sou eu” - parece ser para a maioria das pessoas um dado natural, espontâneo e não o resultado final de longo processo inconsciente calcado em cima de identificações - processos através dos quais o sujeito assimila traços, atributos de um outro e se transforma total ou completamente a partir dai.

O processo de constituição do sujeito passa por duas operações psíquicas fundamentais, chamadas de “complexo de édipo” e “complexo de castração”.

O complexo de édipo é o conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança tem em relação a seus progenitores. Ele é estruturante e fundamental porque permite o acesso à escolha de objeto, à genitalidade, o que só se dá através das identificaçôes decorrentes de seu encerramento. As identificações e introjeções vão organizar o aparelho através de estruturas como o superego e o ideal do ego.

Uma forma de sintetizar isso seria assim: o sujeito humano vem ao mundo trazendo sua dotação pulsional - Eros e Tanatos - em estado de total desamparo. Em sua prematuridade, necessita da mãe para sobreviver. Esta primeira relação é absolutamente fundamental, e é ela que permite a fundação e organização do aparelho psíquico da criança.

A criança não entende estar sozinha e à mercê de forças que a esmagariam com facilidade. Ela se vê como um apêndice, parte da mãe, ou melhor, vê a mãe como uma extensão sua, ora boa - quando a alimenta, ora má, quando lhe falta. Estruturalmente a criança não tem outra saída a não ser esta - o sentir-se confundido com a mãe e alienar-se em seu desejo para sobreviver. O pai, quando reconhecido, ainda é uma figura de segundo plano.

A criança vai então introjetando em seu psiquismo as figuras, os modelos, as relações, as experiências emocionais, dando forma a seu psiquismo. Apoiado na experiência orgânica de satisfazer uma necessidade, ela produz fantasias e modos de se comunicar com as pessoas em sua volta. Por exemplo, na fase oral, ao comer, ao ingerir, ao mastigar, ela fantasia introjetar, apossar-se psiquicamente e incorporar objetos, coisas; na fase anal, ao defecar, reter ou expulsar as fezes, aprende a reter consigo ou desfazer-se de idéias, fantasias, objetos. É importante lembrar que isso se dá dentro das relações da criança com a mãe e que é esta, em última instância, quem vai modular todo o processo.

É entre 18 meses e 3 anos que se dá a estruturação do psiquismo da criança. É ai que ela estabelece as bases de sua constituição enquanto sujeito.

Até este momento, para a criança, não há uma clara diferença entre ela e o outro, seja este outro especial que é a mãe, seja qualquer outro. Os objetos são “parciais”, na medida em que são vividos narcísicamente. Não há uma clara definição entre mundo interno e externo.

Nesta ocasião a diferença anatômica entre os sexos vai ter uma transcendente importância, pois tanto o menino quanto a menina só reconhecem um gênero sexual, o fálico, ou seja, ter ou não ter o pênis. Este órgão é prazeroso e ambos pensam que se a menininha não o tem, ele virá logo, como acontece com a dentição - todos nascem sem dentes e, num determinado momento, eles aparecem. De alguma maneira, o menino vai entender que a mãe não é ele nem dele, que ela está ligada ao pai; vai ver que deve abdicar de querer ter prazer sexual com ela sob a ameaça de perder seu pênis, como ele pensa que algumas pessoas o “perderam”. Ou seja, o amor pela mãe, o desejo de se livrar do rival pai tem fim quando descobre que poderá ser castrado. A menininha, que também ama a mãe, tem uma grande decepção quando se descobre castrada, sente-se prejudicada por ela e vai procurar o pai, que deveria dar-lhe um pênis, um filho, ou permitir-lhe posteriormente chegar ao amor exogâmico. Ou seja, a partir da castração, a menina entra no Édipo.

Esta é a versão mais simples, onde o menino ama a progenitor do sexo oposto e rivaliza com o do mesmo sexo. Mas logo se descobriu que as crianças também amam o progenitor do sexo igual e rivalizam com o do sexo oposto. Esta é a base da bissexualidade estrutural que todos temos, pois estes primeiros objetos de amor são de certa modo abdicados e introjetados como importantes figuras de identificação subjetiva e sexual.

Nossa identidade é decorrente da identificação com essas figuras parentais primeiras e são elas que vão condicionar nossa identidade sexual, na medida que a identificação mais importante coincida ou não com o sexo biológico.

4 - Uma forma mais estrutural de falar do complexo de Édipo é caracterizar uma primeira relação intima e indiscriminada com a mãe e a necessidade de que seja rompida esta relação com a entrada de um terceiro, que é o pai, organizando assim o espaço da criança, o objeto desejado e a lei. Se Freud descreveu todo este processo centrando o foco na criança, hoje entendemos este processo como decorrente de um jogo de subjetividades, onde são acionadas as fantasias do pai e da mãe, que na verdade, vão condicioná-lo.

5 - É este rompimento que vai caracterizar a castração. É ele que vai instaurar a falta na qual nos constituímos enquanto sujeitos desejantes, caracterizando nossa incompletude definitiva. O Complexo de édipo e a castração simbólica são processos estruturantes na medida em que organizam o campo das identificações, estruturando o aparelho psíquico em instâncias especiais, como o ego e o superego (autoridade paterna internalizada). O pai, ao impedir o incesto, diz que o filho não pode dormir com a mãe não por uma imposição arbitrária de sua parte, mas porque não se pode. Ele mesmo, o pai, também não pode dormir com sua própria mãe. Ele apenas é o portador de uma lei que o transcende. Desta forma o pai abre caminho para o filho encontrar o objeto amoroso depois, fora da família.

6 - A castração tem uma enorme importância simbólica, na medida em que representa, a posteriori, (no sentido de “posterioridade”), a perda fundamental da ligação narcísica com a mãe, a separação do outro e todas as coisas daí decorrentes: tais como o limite à onipotência, ao narcisismo, o aceitação das limitações impostas pela realidade, o ingresso no mundo simbólico. O falo é o significante privilegiado, o articulador da função simbólica que possibilita a dialética das relações inter e intrasubjetivas.

7 - No final do complexo de édipo, há o que se chama de latência, época onde toda esta conflitiva fica relativamente apagada, enquanto a criança se dedica aos trabalhos de socialização e aprendizado.

8 - A adolescência é a época em que toda a conflitiva edipiana volta à tona com imensa força, em função da explosão do crescimento somático e do reforço pulsional daí decorrente. Isso faz com que sua conflitiva seja vivida pelo sujeito como muito mais perigosa do que quando a viveu na infância, pois agora ele está organicamente apto para a vida sexual e para desafiar fisicamente seu progenitor. Suas fantasias edipianas ficam perigosamente próximas da realização concreta.

Frente a este perigo, o adolescente tem algumas defesas típicas:

1 - Defesa contra os laços amorosos objetais infantis:

a) defesa por deslocamento da libido: fuga, desprezo em relação aos pais, atuações decorrentes dos novos relacionamentos estabelecidos, habitualmente com pessoas com características opostas às dos pais. Casamentos precoces, fugas efetivas;

b) defesa por deslocamento por reversão do afeto: ódio externalizado (desobediência compulsiva aos pais), ou internalizado (tentativas de suicídio);

c) defesa por retirada da libido em direção ao self: megalomania, hipocondria;

d) defesa por regressão (comportamento infantilizado, negação do próprio crescimento)

2 - Defesas contra a pulsão

a) comportamento ascético

b) comportamento intransigente

9 - Erickson estabelece o conceito de confiança, atitude estabelecida através dos contatos mais primitivos com a mãe, que faz com que se introjete o conhecimento e o saber de que as crises são passageiras, que o objeto amoroso pode ser substituído e que as perdas podem ser transitórias, o que as torna mais aceitáveis, mais toleráveis.

10 - Um ponto importante na problemática do adolescente já mencionado, mas que tem especial relevo, diz respeito ao fato de que ele tem então de se defrontar - se não pela última vez, mas de uma forma muito intensa - com a castração enquanto delimitação da onipotência, da bissexualidade, da morte.

O adolescente se rebela contra isso, o que o faz não tolerar o diferente, a exigir a uniformidade na conduta, no vestir, na moda, no linguajar. Esta é a base da necessidade da formação dos grupos. O grupo é fundamental para o adolescente enquanto espaço de transição, um meio substituto da família. Ali é negada a alteridade e a diferença, a castração. O grupo também serve para conter as projeções, tudo que não é aceito internamente por cada um.

Alguns autores falam que o adolescente apresenta um problema específico com a imagem do pai. Ele recusa o pai real e insiste na imagem de um pai ideal que podia manter na infância, um pai onipotente que nega as limitações da realidade e a morte. Tal pai ideal é, muitas vezes, visto nos chefes dos grupos

11 - A família joga papel importantíssimo em todo este processo. A adolescência é um fenômeno social. Os pais também entram em luto pela perda do filho pequeno, pela perda da juventude.

Por ser o inconsciente atemporal, os pais, durante toda a criação dos filhos, estão constantemente revivendo seus próprios conflitos infantis reprimidos, confundindo-os com os dos filhos. No eclodir da adolescência dos filhos, eles também revivem a própria adolescência e não é incomum que eles entrem em competição com os filhos. Para os pais, os adolescentes representam o instintivo, a sexualidade e a agressividade e despertam neles a curiosidade e medo do pulsional; admiração, inveja e ciúmes por suas possibilidades; amor, ódio e culpa.

A família poderia ser um ambiente acolhedor para este momento, mas nem sempre o é.

vários tipos de família com comportamentos característicos frente a adolescência: a) família aglutinada, onde há indiscriminação, a individuação se dá aos acessos explosivos, com tentativas de suicídio, somatizações. Não há identidade individual e sim estereótipos; há absolutismo materno, com cuidados corporais, alimentares, manejo de afeto e sentimento, pensamento concreto, clã fechado sem abertura social, o novo é estranho e violento. b) família uniformizada, com tendência a individuação com forte identificação a um dos pais, que submete a todos. A autonomia é buscada agressivamente, há interação rígida por ser imposta. Há absolutismo paterno, com discriminação e regulamentação de atividades instrumentais e exagero de normas paternas, papéis sociais, autoridade e justiça, mensagens pouco reflexivas mais abstração, elitista e dominante.; c) família isolada - predomínio de individualidades ao invés do grupo, interação informativa e descritiva, não há conflito por distância, frieza emocional, cada um por si; d) família integrada - há interação entre a identidade grupal e individual, papéis flexiveis, elaboração de conflitos, uso verbal,discussões, aceita a luta geracional que justifica privilégios.

Nas famílias aglutinadas e uniformizadas, o adolescente é esmagado; na família isolada é ignorado e na família integrada é apoiado. O adolescente traz aumento pulsional à familia tanto sexual como agressivo, gerando diferentes graus de repressão à agressão, com decorrentes reações agressivas ou elaboração da mesma. Uma família mais saudável integra, elabora, ampara esses conflitos.

Na adolescência, os conflitos familiares se exacerbam e é comum que um dos pais faça aliança com um dos filhos contra o cônjuge, o que se constitui um problema típico segundo Salvador Minuchim. Quando isso ocorre, restabelecida fica uma relação narcísica, não castrada entre um dos pais e um dos filhos, com resultados danosos para todos.

12 - o transtorno adolescente é inevitável e imprevisível.

13 - O tratamento analítico é particularmente difícil com o adolescente, pois o analista é identificado com as figuras paternas, gerando as atitudes de fuga fóbica ou obstinado enfrentamento. Nessas ocasiões o enfoque familiar é particularmente indicado, devendo o analista estar atento para aceitar o paciente identificado como a emergência de um pedido da família.

Referências bibliográficas

Moujan, Octavio Fernandes - “Abordaje Teórico y Clínico del Adolescente” - Nueva Vision - Buenos Aires

Erikson, Erik - “Identidade - Juventude e Crise” - Zahar Editores -Rio de Janeiro - 1976

Minuchin, Salvador e Nichols, Michael P. - “A Cura da Família” - Artes Médicas - Porto Alegre - 1995

Lacan, Jacques - “A Família” - Assírio e Alvim - Lisboa - 1981


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