![]() ![]() Volume 9 - 2004 Editor: Giovanni Torello |
Setembro de 2004 - Vol.9 - Nº 9 France - Psy Atualidades
1. QUANDO DANIEL WIDLÖCHER FALA DE FREUD, DE LACAN E DE... ANTÔNIO DAMÁSIO L'Express du 23/08/2004 Entrevista de Marie Huret. Daniel Widlöcher, psiquiatra e psicanalista, é presidente da Associação Psicanalítica Internacional (API), fundada por Freud em 1910 e que conta hoje perto de 10 000 membros. Marie Huret: Maldito no início por causa de suas idéias subversivas, Freud virou moda, antes de se tornar um mito.Com razão? Daniel Widlöcher : Freud foi um dos maiores pensadores do Século XX, ele decobriu um prodigioso método de escuta do outro, mas dois perigos devem ser evitados. Em primeiro lugar, a idealização do homem Freud. Saber que ele poude cometer enganos com seus primeiros pacientes ou não respeitou certas regras éticas não tolda o grande respeito que tenho por ele, mesmo se não o transformo em santo. Em seguida, recuso a idéia de que a herança de Freud seja a letra, somente a letra. Critico este arqueofreudismo, no sentido em que se falava dos velhos católicos, os quais, no fim do Século XIX, recusavam o dogma da Imaculada Conceição. Sua filha Anna Freud, que eu conheci muito bem, me repetia:“Esperamos que os senhores tragam alguma coisa a Freud, e não que repitam o que ele inventou ».
No início dos anos de 1950, o sono artificial e os eletrochoques eram ainda praticados nos hospitais para tratar doentes mentais!Os psiquiatras da época achavam as idéias de Freud interessantes, mas sua prática permanecia desconhecida. Não havia quase nada para tratar os casos mais leves, as neuroses, as dificuldades psicológicas. As resistências políticas-religiosas eram fortes: o marxismo, o pensamento científico e o pensamento católico ortodoxo não eram muito favoráveis à psicanálise. Na França, foi preciso muito tempo para qua as pessoas compreendessem que essa prática revolucionária não era uma empreza burgueza, atéia, no sentido de mal pensante ». M.H. Finalmente, foi o meio intelectual que transformou a França em país freudiano ... D.W. Antes da guerra, um pequeno grupo se interessou pelas descobertas freudianas. Na literatura, André Gide, com Les Faux-Monnayeurs. Claro que houve também os surrealistas et Jean Cocteau. Depois surgiu o regime de Vichy: tudo isso foi abafado. De Freud, ninguém mais falava. Se os livros dele foram queimados na Alemanha, diziam, não era para que eles fossem ressuscitados na França ! Porém, em 1945, começaram a escutá-lo, porque durante este tempo, na Inglaterra e nos Estados Unidos, a obra de Freud desenvolveu-se de maneira considerável .Assim, sua prática foi muitíssimo utilizada nos países americanos durante a guerra. Em 1948, só existia uma dezena de psicanalistas em Paris, mas eles passaram a ser quarenta em 1950. Os jovens psiquiatras lançaram-se na aventura psicanalítica: a neurobiologia não nos ensinava nada ; os medicamentos ainda não existiam.Então, a psicanálise poude se revelar como uma chave para a compreensão do homem. M.H. Nos anos 1960-1970, conflitos despedaçaram a psicanálise: Jacques Lacan começou a combater os« filhos » de Freud... Ele foi um líder do desenvolvimento da psicanálise, preconizando o famoso retorno à Freud. Lacan tinha uma abertura intelectual ; interessava-se pela filosofia, antropologia, e ao mesmo tempo fazia trabalhar os testos de Freud, num espírito cada vez mais pessoal. Freud era un psicólogo; Lacan, um antipsicólogo. Freud queria compreender a marcha do espírito humano. Lacan, quanto a ele, queria compreender o homem no seu meio. Nós, os freudianos procuramos ajudar as pessoas a se sentirem mais livres com relação a seus próprios psiquismos, agora que certos grupos lacanianos ajudam-nos sobretudo a nos situarmos com relação ao mundo do espírito, da cultura, da palavra.Isso traz consequências práticas importantes. Nós consideramos que é necessário um quadro fixo, marcado pelo relógio, afim de permitir ao paciente de desenvolver suas associações de pensamentos, agora que, para alguns deles, é necessário chegar-se a uma experiência chave, e, neste ponto, eles interrompem a sessão. E este o debate com Jacques-Alain Miller: eles nos criticam por escutarmos demasiadamente os pacientes e nós os criticamos por não escutarem-nos bastante.
D.W. E difícil afirmar-se que a psicanálise cura : ela cura uma idéia, um sintoma, um mal estar. Mas não podemos dizer que ela cura no sentido de um antibiótico.A psicanálise não é somente uma terapêutica, é também um modo que possibilita um melhor conhecimento de si mesmo. Ela permite a cada um de se sentir mais à vontade em sua vida interior, por conseguinte com sua vida exterior. Em matéria de cuidados, pode existir complementaridade-e não oposição- entre os medicamentos, a psicanálise e as terapias comportamentais.A cura para Freud, consistia em ajudar as pessoas a perceberem nelas mesmos as produções do inconsciente, graças à análise dos sonhos. Tratáva-se, antes de tudo, de uma conversação, porque Freud falava muito. «Ah, sim, o senhor tem razão, dizia Freud a um paciente. Eu conhecí um caso que confirma o sentido que o senhor disse » ! Hoje em dia nós somos muito mais neutros, escutamos o que se passa no espírito dos pacientes, somos menos preocupados em explicar-lhes coisas, e mais preocupados com a transferência.A análise tornou-se mais exigente que no tempo de Freud. M.H. Depois da morte de Freud, as neurociêncas fizeram progressos extraordinários: o Americano Antônio Damásio afirma hoje que existe uma biologia dos sentimentos.À luz de suas descobertas, Freud teria escrito a mesma Interpretação dos Sonhos ? D.W. De maneira nenhuma Ele teria ficado muito interessado pelos avanços da neurobiologia.Sabemos, por exemplo, que conjuntos de neurônios são ativados por certas emoções. A propósito, eu convidei Damásio para abrir o Congresso da API, que presidí em Nova Orléans.A sala estava cheia, e ele foi aclamado. Podemos dizer que não há dificuldades entre o pensamento de um Damásio e o de um psy. Esta é uma velha história, a da alma independente do corpo.Freud disse mesmo que um dia a neurofisiologia iria explicar as coisas e que a psicanálise perderia sem dúvida sua razão de existir.Isso, eu não creio de modo algum. Sobre este ponto de vista, sou mais « psicológico » do que Freud. Qualquer que seja o interesse em confrontar os dois pontos de vista, a compreensão do espírito humano não pode ser reduzida ao funcionamento neuronal. A psicanálise continua a ser um ideal de lucidez individual.
2. AUTISMO: A CONFUSÃO DOS SONS L'Express de 30/08/2004 Por Emilie Tran Phong Esta doença impede de perceber a especificidade da voz humana, causa de dificuldades relacionais. Desde o nascimento, a criança é atraída pela voz de sua mãe-um som que ela prefere a todos os outros. Salvo se ela for autista. Neste caso, o barulho de um motor pode até lhe dar a sensação de uma doce palavra tranquilizadora.Ora, a criancinha pode sofrer de um desinteresse social que persistirá na idade adulta, desinteresse que uma equipe de pesquisadores do INSERM ( Instituto Nacional da Saúde e das Pesquisas Médicas) e do CEA procurou compreender. Assim, os pesquisadores constataram que, qualquer que seja o som percebido, a região cerebral responsável pela percepção vocal nos autistas funciona exatamente da mesma maneira. «Quando os autistas entendem alguém falar, eles sabem que se trata de uma voz humana, diferente do barulho de uma máquina de lavar ou dos latidos de um cão. Mas eles não dão nenhuma importância particular a esta informação e não podem interpretar as nuanças de tom empregadas», explica Monica Zilbovicius, responsável pelo estudo que vem de ser publicado no último número da revista Nature Neuroscience. E como os autistas têm ainda dificuldades para reconhecer as espressões do rosto, eles ignoram se seu interlocutor está triste ou alegre, zangado ou amical. Isso explica em grande parte as dificuldades do autista com os outros ». «Uma melhor compreensão dos mecanismos cerebrais implicados no autismo só pode trazer benefícios para a prática clínica», comentou Déborah Cohen, pedopsiquiatra do hospital Robert-Debré. Tal compreensão poderia permitir, mais tarde, o desenvolvimento de exercícios práticos capazes de ajudar os doentes a adquirirem a curiosidade que eles não têm pela voz humana.
Tradução do artigo de Estelle Saget, l'Express n° 2773 de 23/08/2004 Experiências do INSERM (Instituto Nacional da Saúde e das Pesquisas Médicas) sobre roedores dependentes da cocaína refutam muitas idéias falsas sobre a toxicomania. A toxicomania não é um vício, é uma doença. Ter problemas existenciais não tornam as pessoas dependentes. E o desmame não é uma questão de vontade... Os trabalhos publicados na revista Science de 13 de Agosto por uma equipe do INSERM de Bordeaux (França), contradizem muitas idéias tidas como verdadeiras. Até agora, a dependência à cocaína era quase sempre considerada como uma perversão humana. Uma sorte de tara social. Ora, pesquisadores conseguiram, pela primeira vez, reproduzir este estado em ratos de laboratório. Desta forma, algumas cobaias tornaram-se completamente dependentes. Uma centena de roedores aprenderam a enfiar o focinho num buraco para acionar uma bomba e injetar-se uma dose de cocaína por um cateter instalado no dorso.Os animais não tardaram a utilizar, de maneira espontênea, este distribuidor automático de coke. Ao fim de dois meses, o que equivale a vários anos de vida de um homem, 17% mostraram-se capazes de tudo para obter suas doses. Esta minoria podia repetir, durante várias horas, o movimento da cabeça apropriado afim de obterem o desencadeamento do mecanismo.Nem mesmo a dor provocada por um choque elétrico simultâneo os dissuadia de recomeçar. Os cientistas conheciam a atração dos animais pelas drogas, mas eles estavam longe de imaginar que elas podiam levá-los à toxicomania. Nem que a proporção de dependentes fosse a mesma que nos seres humanos. Mas essa experiência não permite de responder a uma questão fundamental : porque esses ratos e não outros ? Esses dependentes de quatro patas não são mais impulsivos, nem mais ansiosos, nem mais sensíveis ao estresse do que os outros, para citarmos somente os traços de personalidade mais frequentes nos drogados. «A toxicomania instála-se naqueles que têm um terreno propício, uma predisposição », concluiu Pier Vincenzo Piazza, diretor do centro. Resta encontrar qual seria essa disposição.
LA LETTRE DE PSYCHIATRIE FRANÇAISE propõe as seguintes reuniões: SEPTEMBRE 2004 PSYCHIATRIE FRANCAISE et l'ASSOCIATION FRANCAISE DE PSYCHIATRIE proposent les Conférences de L'HOTEL DE LAMAIGNON, Paris : SOMMEIL ET RÊVE Lundi 18 Octobre 2004: Les méduses du rêve aux robes dénouées (Jackie Pigaud), Lundi 15 de Novembre: Pensée inconsciente et rêve (Bernard Penot), Lundi 17 Janvier 2005 : L'enfant de la nuit (Rémy Puyelo), Lundi 21 Mars 2005 : Onirisme et peinture ( Annie Gutmann), Lundi 23 Mai 2005 : Hypnose et rêve (Francois Roustang) ( sous réserves).
Association Française pour l'Approche Intégrative et Eclectique en Psychothérapie (AFIEP) Association Française de Psychiatrie et Psychologie Légales (AFPP) Association Française de Musicothérapie(AFM) Association Art et Thérapie Association Française de Thérapie Comportementale et Cognitive (AFTCC) Association Francophone de Formation et de Recherche en Thérapie Comportementale et Cognitive(AFFORTHECC) Association de Langue Française pour l'Etude du Stress et du Trauma (ALFEST) Association de Formation et de Recherche des Cellules d'Urgence Médico-Psychologique(AFORCUMP) Association Nationale des Hospitaliers Pharmaciens et Psychiatres (ANHPP) Association Scientifique des Psychiatres de Secteur (ASPS) Association Commission Des Hospitalisations Psychiatriques France (CDHP France) Association Promotion Défense de la Psychiatrie à l'Hôpital Général (PSYGE) Association Karl Popper Association pour la Fondation Henri Ey Association Internationale d'Ethno-Psychanalyse (AIEP) Collectif de Recherche Analytique (CORA) Ecole Parisienne de Gestalt Ecole Française de Sexologie Ecole de la Cause Freudienne www.causefreudienne.org Groupement d'Etudes et de Prévention du Suicide (GEPS) Groupe de Recherches sur l'Autisme et le Polyhandicap (GRAP) Groupe de Recherches pour l'Application des Concepts Psychanalytiques à la Psychose(GRAPP) Regroupement National en Psychiatrie Publique (RENEPP) Société Française de Gérontologie Société Française de Thérapie Familiale (SFTF) Société Francophone de Médecine Psychosomatique Société Française de Psychopathologie de l'Expression et d'Art-thérapie(SFPE) Société Française de Recherche sur le Sommeil (SFRS) Société Française de Relaxation Psychothérapique (SFRP) Société Française de Sexologie Clinique (SFSC) Société Française de Psycho-oncologie/Association psychologie et cancers Société d'Addictologie Francophone Société Ericksonienne Société de Psychologie Médicale et de Psychiatrie de Liaison de Langue Française Société Médicale Balint Union Nationale des Associations de Formation Médicale Continue (UNAFORMEC) Union Nationale des Amis et Familles de Malades Mentaux (UNAFAM) Association Psychanalytique de France (APF) Société Psychanalytique de Paris (SPP) Ecole Freudienne de Paris
ABSTRAC PSYCHIATRIE : www.impact-medecin.fr LA REVUE FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET DE PSYCHOLOGIE MEDICALE : www.mfgroupe.com L'ENCEPHALE:WWW.ENCEPHALE.ORG LES ACTUALITES EN PSYCHIATRIE: www.vivactis-media.com NEUROPSY : WWW.NEUROPSY.FR NERVURE : REDACTION: HOPITAL SAINTE-ANNE, 1 RUE CABANIS, 75014 PARIS. TÉLÉPHONE: 01 45 65 83 09 FAX. 01 45 65 87 40 NEURONALE (REVISTA DE NEUROLOGIA DO COMPORTAMENTO) [email protected] PSN :(PSYCHIATRIE, SCIENCES HUMAINES, NEUROSCIENCES) : rue de la convention, 75015 paris. fax: 0156566566 PSYCHIATRIE FRANÇAISE : [email protected] PSYDOC-BROCA.INSERM.FR/CYBERSESSIONS/CYBER.HTML SYNAPSE : [email protected] EVOLUTION PSYCHIATRIQUE
ETNOPSIQUIATRIA : www.ethnopsychiatrie.net PEDO-PSIQUIATRIA Associação HyperSupers http://membres.lycos.fr/hyperactivite/ PSICANÁLISE Association Psychanalytique de France (APF) Collège de Psychanalyse Groupale et Familiale www.psychafamille.com Œdipe www.oedipe.org Quatrième Groupe http://quatrieme-groupe.org Société Psychanalytique de Paris www.spp.asso.fr OUTROS SITES ASSOCIATION FRANÇAISE DES PSYCHIATRES D'EXERCICE PRIVE:www.afpep-snpp.org Bulletin de L'ordre des Médecins: www.conseil-national.medecin.fr SITES TEMÁTICOS Ansiedade Mediagora:http://perso.wanadoo.fr/christine.couderc/ Agoraphobie.com:http://www.agoraphobie.com/ Sitesfrancophones:http://www.churouen.fr/ssf/pathol/etatanxiete.html Depressão Distúrbios do humor(afetivos) : www.dépression.ch Estados limites em psiquiatria: tratamento (D. Marcelli): Suicídio Escuta - 24/24 http://suicide.ecoute.free.fr Informações sobre o suicídio e as situações de crise: http://www.suicideinfo.org/french Centro de Prevenção do suicídio: http://www.preventionsuicide.be Associaçao Alta ao Suicídio: http://www.stopsuicide.ch Suicídio : http://www.chu-rouen.fr/ssf/anthrop/suicide.html Toxicomanias e Drogas Drogas : http://www.drogues.gouv.fr/fr/index.html S.O.S. RÉSEAUX : http://www.sosreseaux.com/ IREB - Instituto de pesquisas científicas sobre as bebidas: http://www.ireb.com/ ADDICA : Addictions Précarité Champagne Ardenne : http://www.addica.org/ INTERNET ADDICTION : conceito de dependência à Internete: http://www.psyweb.net/addiction.htm Estupefiantes e conduta automobilística; as proposições da SFTA: http://www.sfta.org/commissions/ France-Psy est le nouvel espace virtuel de “Psychiatry on Line” offert aux internautes et aux professionnels du secteur de santé mentale au Brésil. Notre but est de rendre plus aisé, l'accès à certaines publications en langue française concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Quem somos ? FRANCE-PSY é o novo espaço virtual de “Psychiatry On Line” dedicado aos internautas e aos profissionais do setor da saúde mental no Brasil. Nosso objetivo é de facilitar o acesso a certas publicações em língua francesa concernando a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. O leitor é cordialmente convidado a dar a sua opinião sobre os assuntos acima tratados, propor temas ou questões para as colunas ulteriores, apresentar sugestões para melhorarmos o site, tornando-o mais convivial. A participação dos colegas seria extremamente importante para o autor desta coluna. Meus agradecimentos antecipados a todos. Contacto: [email protected] |
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